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quarta-feira, janeiro 31, 2007

Com gente desta a votar "Não" ainda voto "Sim"

Confesso que tenho bastante reserva em falar sobre o tema do aborto. A discussão exige recato, bom senso, flexibilidade, respeito pelos outros, intimidade e pudor e uma grande dose de consciência pessoal.

Ninguém gosta de pensar que teve um dia de provocar um aborto, seja homem ou mulher. É das situações mais dolorosas e tristes. Ninguém duvidará.

Portanto: toda a gente está contra a prática do aborto.

Os fariseus do “não”e os facilitistas do sim. Mas os fariseus do “não” estão a condicionar a liberdade dos "sim". Os do “sim” não estão a violentar os do “não”.

A actual lei é suficientemente razoável para a prática da interrupção da gravidez. O que tem acontecido é que o Estado até agora não procurou tornar a prática da lei em coisa prática.

O que estamos a querer discutir para votar: é ou não crime provocar um aborto até às dez semanas. Só isto. Ponto.

Os reaccionários do “não”, que por acaso coincidem com algumas das figuras sinistras do regime como Bagão Félix, Paulo Portas, Alberto João Jardim e inefáveis como Zézinha Nogueira Pinto, estão a transformar o debate em campanha ideológica e partidária.

A teoria hoje lançada por Bagão Félix – o ministro que mais tirou aos pobres e à classe média e agora vem feito bom samaritano - de que o feto tem direitos de sucessão não lembraria nem ao caeca nem ao rei dos pneus.

Depois da triste manifestação com uns gatos pingados a desfilarem por Lisboa com cartazes ignóbeis a dizerem que “ abortar é como Auschwitz” e outras alarvidades ( de facto a nossa direita é burra e não aprende) e depois do auto-denominado pai do referendo, o Professor Marcelo, ter lançado aquele impagável vídeo no You Tube ( mais cómico do que a genial versão dos Fedorentos) só apetece mesmo votar no “sim”. Apesar de eu ser contra referendos e achar que põem em causa o princípio democrático da representatividade parlamentar.

Já chega de tanta palhaçada. A verdade é que numa Europa aberta, se for crime abortar em Portugal, em duas horas quem o quiser, e o puder fazer, põe-se em Badajoz e lá fá-lo-à em segurança, legalidade e decerteza mais barato.

Se não puder o ex-ministro da Segurança- Social Bagão Félix deve ter uma solução para os seus pobres e, se falhar, a teoria neo-liberal resolve tudo.

Se não o conseguir pede a Deus que este envia um milagre.

Luiz Carvalho

5 comentários:

  1. "A verdade é que numa Europa aberta, se for crime abortar em Portugal, em duas horas quem o quiser e o puder fazer põe-se em Badajoz e lá fá-lo-à em segurança, legalidade e decerto mais barato."

    Não pode ver os portugueses à sua imagem. Há muita gente que recebe o salário mínimo, ou menos.

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  2. "Apesar de eu ser contra referendos e achar que põem em causa o princípio democrático da representatividade parlamentar." (Luiz Carvalho)

    No dia em que não formos representados por linhagens de fidalguia suína profissional da política mas sim por intermédio de referendos que pressuponham uma imensa massa crítica e info-incluída da população, estaremos muito melhor. Sei que, até lá, a coisa pode levar muitos anos e gerações. Na verdade, estamos ainda - genericamente falando - num estádio civilizacional e cultural primitivo... Daí os parlamentares responderem pelos mentecaptos, coitadinhos.

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  3. Este artigo foi escrito para o jornal Expresso que não o publica por falta de espaço

    Aborto, uma polémica de sempre
    por Ana Cristina Leonardo

    Portugal reinicia uma discussão onde parece continuar a haver demasiado «ruído». Ou como alguns temas nos recordam os limites da razão humana.


    «Um bebé não é um problema metafísico» foi uma frase que encheu as ruas de Paris, há cerca de 20 anos, durante uma campanha em prol da maternidade. Em Portugal, hoje, a discussão diz respeito ao aborto. Paula Teixeira da Cruz, do Movimento Voto Sim, afirmou que «não estamos a discutir nem a vida nem a morte. Recuso-me a discutir o problema nesses termos» (DN, 20-01-2007). A verdade é que muitos insistem em fazê-lo.
    Não sendo os bebés, definitivamente, um problema metafísico, há questões levantadas pelos opositores do Sim que nos deixam na dúvida sobre se não o serão o zigoto, o embrião e o feto. Um dos argumentos mais publicitados pelo Não assenta no seguinte raciocínio: (premissa a) o feto é, em potência, um ser humano; (premissa b) todos os seres humanos, mesmo os seres humanos em potência, têm direito à vida; (conclusão): o feto tem direito à vida. Daí se infere que a interrupção voluntária da gravidez (IVG) é atentatória desse direito, logo, um crime, um crime parente próximo do homicídio.
    É esta, aliás, a posição oficial da Igreja católica, que classifica o aborto como um dos pecados sujeitos a excomunhão (e isto apesar de algumas vozes discordantes, como a do padre Anselmo Borges, teólogo e professor de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que propõe a distinção entre vida, vida humana e pessoa humana): «A gravidade moral do aborto provocado aparece em toda a sua verdade, quando se reconhece que se trata de um homicídio (...)» (João Paulo II, Enc. Evangelium Vitae, 25/03/1995, n. 58); e ainda: «Também a legislação canónica, há pouco renovada, continua nesta linha quando determina que "quem procurar o aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae", isto é, automática» (idem, n. 62). Mas, a não ser que se faça da vida humana uma leitura religiosa – e essa é uma posição legítima embora, obviamente, impossível de sujeitar a referendo – a argumentação atrás exposta, contrária à IVG, não parece defensável. Porque se o que falta provar é, precisamente, que todos os seres humanos em potência têm direito à vida, não se pode, ao mesmo tempo, afirmá-lo como premissa sem incorrer em falácia. O filósofo Pedro Madeira vai mais longe. Em «Argumentos sobre o Aborto» (www.criticanarede.com) acrescenta: «(...) é, de qualquer modo, falso que, se um ser tem potencialmente um direito, então tem, efectivamente, esse direito. Enquanto cidadão português, sou potencialmente presidente da República; o presidente da República é o Comandante Supremo das Forças Armadas; no entanto, daí não se segue que eu seja agora o Comandante Supremo das Forças Armadas».
    Do lado do Sim, insiste-se nas condições sócio-económicas das mulheres desfavorecidas e na realidade dos números, apesar da lei proibitiva. São razões fracas, que pecam por circularidade. Porque do facto dos cidadãos carenciados terem menos condições para contratar um assassino não resulta que o Estado deva disponibilizar um serviço grátis de gangsteres ao domicílio. Assim como do facto de existirem ladrões, apesar da lei proibitiva, não se infere que o roubo deva ser legalizado. Note-se que esta contestação aos argumentos do Sim, não implica uma equivalência moral dos exemplos. Apenas se pretende mostrar que, nos casos expostos, a sustentabilidade da argumentação é difícil, se não impossível.
    Nada disto é novo. O aborto nunca foi um facto pacífico. No Ocidente, durante a Antiguidade, a sua regulamentação, regra geral, apenas tinha em conta os interesses masculinos e, consequentemente, só era punível quando estes eram lesados: «Estigmatizado como sinal de decadência dos costumes ou visto como atentado à ordem familiar e social, o aborto é considerado uma manifestação de inaceitável autonomia feminina» (in História do Aborto, Giulia Galeotti, Edições 70, 2007). Pelo menos até ao século XVIII, o aborto é encarado como um assunto de mulheres. Rodeado de insondáveis mistérios, à semelhança de tudo quanto dizia respeito ao segundo sexo: não por acaso, durante o longo período da «caça às bruxas», que vai do século XIV ao XVII, uma das acusações mais recorrentes é a das práticas abortivas.
    Com o cristianismo a impor-se como religião do Estado, o aborto ganhará o estatuto de «crime abominável», um pecado que atenta contra a acção criadora de Deus, destruindo uma criatura que Lhe pertence. Apesar deste princípio geral, a posição sobre o momento em que o feto passa plenamente a pessoa não será unânime. Embora contrário ao aborto, é Santo Agostinho quem avança com a posição mais tolerante, alicerçada na teoria da animação diferida, que faz atrasar o aparecimento da alma em relação ao momento da concepção: «não é homicida quem provoca o aborto antes da infusão da alma no corpo», sugerindo-se que esta surge nos rapazes aos 40 dias e nas raparigas aos 80. A polémica atravessará séculos: em 1558, o Papa Sisto V publica a bula Effraenatam, que condena à excomunhão todos os que provocarem o aborto, sem fazer distinção entre feto animado ou não animado. Em 1591, Gregório XIV retoma a posição agostiniana. Em 1679, Inocêncio XI vem reafirmar que o nascituro é pessoa desde o momento da concepção… Como se vê, a discussão sobre o estatuto do zigoto, do embrião e do feto (embora sob outros nomes) é coisa antiga.
    A ciência acabaria por ser chamada à colação, na medida exacta em que se interessa cada vez mais pelos segredos da vida intra-uterina. Quando, em 1762, Charles Bonnet propõe, em defesa do preformismo, que qualquer organismo já contém em si os futuros seres pré-formados a que dará origem, o naturalista suíço crê estar, não só a contribuir para o avanço da ciência como a confirmar a Génese bíblica. De acordo com o preformismo, desde o momento da concepção, ou o espermatozóide transporta em si um «homunculus», (animaculismo), ou este já está contido no óvulo (ovismo). A polémica entre preformismo e epigénese – hipótese proposta em 1759 pelo embriologista alemão Kaspar Friedrich Wolff, que, ao invés de Bonnet, defendia que as novas estruturas se iam formando progressivamente – foi um dos debates intelectuais mais acesos do século XVIII, só resolvido com a teoria celular, já no século seguinte.
    Para todos os efeitos, é interessante sublinhar que então, como agora, as posições contrárias ao aborto, mesmo quando assentes em princípios religiosos mais ou menos assumidos, nunca deixaram de tentar credibilizar-se através da ciência. Vejam-se, por exemplo, as declarações actuais de Nuno Vieira, da Plataforma Não Obrigada, um dos muitos portugueses católicos que responderam à chamada do bispo de Leiria para ir a Fátima «celebrar a vida», esclarecendo que o movimento a que pertence está empenhado em dotar a sua campanha de «dados científicos», procurando utilizar uma «linguagem moderada e esclarecedora».
    Se a religião sempre se pronunciou sobre o aborto, e também a ciência viria a intervir no debate, caberá ao Estado e ao Direito legislar sobre o tema. Aquilo a que alguns autores, nomeadamente Elisabeth Badinter, chamaram «a invenção da maternidade», ideia romântica que começa a propagar-se em finais do século XVIII e que desenha uma mulher plenamente realizada no seu papel de mãe, toda ela bondade e sentimentalismo, cruzar-se-á com os desígnios do poder político, que, pela primeira vez, irá defender o feto, agora não por motivos de fé mas por razões de Estado. A demografia torna-se ideologia (então, como agora, era necessário fazer aumentar a natalidade), a maternidade é explicitamente regulamentada e o aborto voluntário declarado contrário ao patriotismo nascente. Em 1810, o artigo 317 do Código Penal francês é claro: «Quem provocar aborto de uma mulher grávida com ou sem o seu consentimento (...) é punido com prisão». Em Portugal, o Código Penal de 1886 considera o aborto ilícito em todas as situações e, já no século XX, a tendência mantém-se, embora o Projecto da Parte Especial do Código Penal de 1966, do Prof. Eduardo Correia, previsse, como excepção, o aborto terapêutico (acrescente-se, a título de curiosidade, que a tese apresentada por Álvaro Cunhal em 1940 para o exame de 5º ano da Faculdade de Letras de Lisboa versava o tema: O Aborto - Causas e Soluções, Campo das Letras,1997). O que se verifica, portanto, é que após séculos a tecer, como Penélope, no recato das casas, as mulheres e, consequentemente, a maternidade, ganham uma exposição cada vez maior no espaço público, com todas as consequências daí decorrentes.
    A grande alteração ao estado das coisas – tendencialmente repressivo da IVG (em França, por exemplo, em 1942, o aborto é considerado «crime contra o Estado» e sujeito à pena capital – ficará tristemente célebre o caso de Marie-Louise Giraud, guilhotinada a 9 de Junho de 1943 por práticas abortivas) – dar-se-á com a introdução, na década de 70, do argumento que pugna pelo «direito das mulheres ao seu próprio corpo». E, embora hoje em dia, este pareça ser um argumento em desvantagem na discussão, a sua consistente defesa pela filósofa Judith Jarvis Thomson em 1971 continua a ser uma referência inultrapassável (ver A Ética do Aborto, organização e tradução de Pedro Galvão, Dinalivro, 2005).
    A grande viragem (mesmo se, já desde 1967, a legislação britânica fosse bastante tolerante na matéria) ocorre em 1970, quando, nos Estados Unidos, o Supremo Tribunal, no caso Roe versus Wade, decide a favor de a mulher poder escolher interromper a gravidez. Segundo Ronald Dworkin, especialista em filosofia do Direito, o que estava então em causa não dizia respeito «ao problema metafísico da pessoa do feto ou teológico da sua alma, mas sim ao problema jurídico de o feto ser ou não ser uma pessoa do ponto de vista constitucional» (in História do Aborto). E se Jane Roe dá hoje voz aos chamados movimentos Pró-vida, a decisão continua a fazer lei, apesar da insistência de George W. Bush em atribuir personalidade jurídica ao feto.
    As palavras de Ronald Dworkin poderão, eventualmente, agradar a Paula Teixeira da Cruz. Afinal, colocar a questão do aborto em termos absolutos de vida ou de morte, não parece estar a levar a lugar nenhum, apresentando-se a própria comunidade científica dividida quanto ao assunto. Sendo, contudo, irrecusável, que no debate sobre a IVG, seja ela encarada sob o prisma do Direito ou da Saúde Pública, se introduz um irrecusável problema moral, dificilmente a discussão ética poderá ser varrida para debaixo de tapete.
    O caso ocorrido na Irlanda em 1992, que envolveu uma adolescente grávida que ameaçou suicidar-se se não lhe fosse permitido interromper a gravidez, talvez seja exemplo suficiente para percebermos os limites do que está em causa. Sendo a Irlanda, juntamente com Portugal, Polónia e Malta, dos países europeus com legislação mais repressiva na matéria, o Supremo Tribunal irlandês levantaria a interdição da jovem se deslocar ao estrangeiro, e esta pôde abortar em Inglaterra. Ora isto, independentemente da posição de cada um sobre a moralidade do aborto, deixa-nos perante a questão mais radical de todas: como obrigar uma mulher grávida que não quer ser mãe a sê-lo? O que nos conduz a uma segunda pergunta: até onde pode o Estado interferir nas decisões individuais dos seus cidadãos? É que, independentemente de concordarmos ou não com o argumento do «direito ao corpo», independentemente de aceitarmos ou não a existência de um conflito de interesses entre o estatuto da mulher e do feto, e, até independentemente de nos colocarmos de um lado ou de outro, o que é inegável é que a Natureza atribuiu à mulher o poder da maternidade. Enquanto assim for, não há legislação que possa mudar esse facto.
    Ana Cristina Leonardo

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  4. Fiquei surpreendido com a publicação do texto da Ana Cristina Leonardo aqui no meu blogue no espaço dos comentários.

    Não querendo entrar em detalhes gostaria de dizer que achava mais útil, e correcto, ele ser publicado no Expresso online, apesar de não ser definitiva a falta de espaço na edição de papel. Claro que não vou apagar o texto, pois isso seria tido como censura, e seria uma desconsideração para com a Ana Cristina, minha colega que prezo e admiro. Mas, repito: não me parece o local mais cordial para o publicar em primeira mão. Os blogues são espaços abertos e acho que isso é a sua principal força com todas as lições que daí possamos tirar.

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  5. O Black, o Marcelo e o Aborto
    O programa do Marcelo aos domingos começa a perder interesse, sendo evidente alguma dificuldade sua quando tem pela frente uma jornalista que não se limita a fazer figura de corpo presente.
    Ao ser provocado por Maria Flor Pedroso sobre a disputa de audiências no youtube entre o Gato Fedorento e o Marcelo sobre o Aborto, o Marcelo vacilou e entrou numa lógica pouco adequada ao seu elevado nível intelectual, tendo sido, simplesmente, vulgar.
    Mas, enfim, o debate sobre o Aborto está a ser mesmo vulgar, servindo de palco ao protagonismo dos habituais personagens políticos e claramente partidarizado, sobretudo pelo lado do PS, o que é lamentável.
    Por mim, é muito simples, o feto com dez semanas é vida, mas não é uma pessoa nem um animal. E para quem, como eu, a única coisa que sou capaz de matar são as moscas, e só quando estas me chateiam a sério, não tenho dúvidas de votar Sim. Embora com um grande nó na garganta.

    Com o Sim só o faz quem quer, podendo fazê-lo com condições.
    Com o Não, continua a ser feito, mas sem condições.
    E com o Não, para quem quiser condições, apenas o pode fazer quem tenha capacidade económica.
    Por outro lado, não acredito que nenhuma mulher faça um aborto, simplesmente porque quer, não fazendo qualquer sentido a sua penalização.
    Tudo o resto, é mera polémica para consumo de alguns intelectuais e actores políticos, à mistura com grandes doses de hipocrisia.

    Não aceito a pena de morte, podendo cair no ridículo de trazer para aqui, num assunto tão sensível, o facto do Black, hoje, ter corrido o risco de levar com uma injecção letal. Acho que é assim que resolvem o problema dos cães não reclamados no canil municipal.
    Amanhã, vou desembolsar quase cento e trinta euros, pelo resgate do Black, que, ontem, mordeu o pescoço a quatro ovelhas e foi parar ao canil municipal, onde esteve preso durante uma noite.
    Estava em estado de choque e chorava como uma criança.
    Foi resgatado hoje, comigo em pijama e debaixo de medicação devido a uma gripe que não me deixa dormir há duas noites.

    Peço desculpa de trazer o Black para aqui, quando está em causa a vida de um feto.
    Mas, também não tenho dúvidas de que muitas crianças não desejadas, não têm a sorte de receber o amor que eu tenho por um cão.
    E, sobretudo, não gosto de hipócritas.

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