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terça-feira, dezembro 12, 2006

Carolina Salgado põe boca no trombone

Carolina Salgado não faz mais declarações aos jornalistas porque podia comprometer o processo que visa a concessão do estatuto de arrependida, previsto para casos de criminalidade altamente organizada.

Aquilo que não foi possível esclarecer no Ministério Público de Gondomar poderá agora dissipar-se com os depoimentos de Carolina Salgado acerca dos cinco últimos campeonatos.

Apesar de homologados desportivamente, não há risco de prescrição se forem considerados crimes de corrupção desportiva e outros delitos contra a economia.MAIS AMEAÇAS DE MORTECarolina Salgado está a receber mais ameaças de morte desde que chegou a sua casa, em Gaia.
Todas as ameaças são feitas por telemóvel. Carolina só tinha dado o seu número a pessoas de confiança – mas agora está de relações cortadas com algumas. A ex-companheira de Pinto da Costa poderá em breve ter escolta do Corpo de Segurança Pessoal da PSP. Face às ameaças, os seus dois filhos ontem não foram ao colégio.

As fugas de informação, vindas da Polícia Judiciária do Porto, são exemplo de que não se pode confiar em ninguém, segundo fonte ligada ao processo, admitindo-se que a investigação passe da PJ do Porto para a Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB), a unidade de elite da Polícia Judiciária, porque santos da casa (Directoria do Porto) não fazem milagres, segundo pessoas próximas da condução deste processo.De acordo com uma magistrada do Ministério Público, a oportunidade de combater a corrupção da arbitragem do futebol, negociatas com passes de futebolistas, fuga ao Fisco e crimes cometidos à sombra das claques é uma ocasião única e histórica, que não pode ser desperdiçada.

Os dados que a ex-mulher de Pinto da Costa tem e o seu cruzamento com informações já recolhidas pelas autoridades policiais podem dar uma machadada decisiva nos meandros criminosos dos clubes. Carolina Salgado pode vir até a mudar de identidade e sair do País com os filhos, com apoio do Estado.
O atentado contra Ricardo Bexiga, há dois anos, é apenas um dos casos. Ricardo Bexiga foi ontem à tarde ao DIAP do Porto entregar um exemplar do livro ‘Eu, Carolina’, tendo feito novas declarações à magistrada do Ministério Público.

AGRESSÕES CONTINUAM NO MINISTÉRIO PÚBLICO DO PORTOO processo do atentado contra Ricardo Bexiga continuará a cargo do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto, pois a matéria em causa ocorreu na comarca do Porto e o caso também não apresenta complexidade que justifique a sua avocação.

A titular do processo continuará a ser a procuradora adjunta Graça Ferreira, ao contrário do que noticiámos anteriormente.A procuradora da 4.ª secção do DIAP do Porto, Clara Oliveira, não viu necessidade de chamar a si o processo e, por isso, nem sequer propôs a avocação à coordenadora daquele departamento do Ministério Público, Hortênsia Calçada. Esta procuradora-geral adjunta afinal não recebeu qualquer proposta de avocação, pelo que nunca poderia despachar o que não existe.

Segundo fonte do MP, Graça Ferreira é considerada bastante competente para prosseguir com a condução do processo sobre as agressões a Ricardo Bexiga, cometidas em 25 de Janeiro de 2005, quando o vereador da Câmara de Gondomar saía do seu escritório de advocacia, na zona da Alfândega, no Porto.
O caso de Carolina Salgado está a ser acompanhado pelo procurador-geral distrital do Porto, Pinto Nogueira, com a correspondente informação à Procuradoria-Geral da República, em Lisboa, porque já não estará em causa um atentado contra o ex-vereador de Gondomar, mas toda a corrupção no futebol. / Correio da Manhã

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