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domingo, outubro 08, 2006

As manhãs de sábado em Estremoz

As manhãs de sábado em Estremoz são muito movimentadas.
Agora que chegou o Outono com toda a gente regressada de férias, a cidade volta a ter alma.
A feira dá uma vida muito própria com todos aqueles comerciantes de galinhas e enchidos, alguns antiquários, agricultores de fruta e ciganos com negócios de ocasião.

O terreiro fica cheio de carros e de tias e tios, proprietários de quintas na zona, mas também de muito povo.

Foi por ali que Henri Cartier-Bresson, em 1956, fez uma fotografia precisamente numa manhã de feira com homens de chapéu.

Quando estou no Carrascal não perco uma ida a Estremoz.
A minha mulher adora a feira, eu temo o colestrol espalhado por aquelas bancas de queijos e enchidos, o meu filho de 5 anos, marimba-se no folclore e arrasta-me para a loja do chinês onde brinquedos o esperam.
Eu cedo porque acabo por fazer a festa com meia dúzia de euros. Na verdade já não posso ver aquela quinquilharia fatela.

O corte com o ambiente alentejano é radical e forte.
Eu adoro ir ao Café Alentejano ( onde se pode encontrar por vezes o arquitecto José António Saraiva, e eu encontrei-o por lá algumas vezes quando ele era meu director) mas a minha mulher acha o ambiente sujo. Eu acho-o fotogénico com aqueles alentejanos de pronúncia forte e pose indolente. É bom para fotografias a preto e branco.

Agora vou a uma pastelaria que nada tem de alentejano mas com uns pastéis de nata suculentos.
Hoje lá estive. A minha preocupação era comprar o Expresso. Estava esgotado apesar de ainda haver Sóis.
Só o encontrei no quiosque junto ao quartel.
Já sei que a edição do meu jornal voltou a esgotar apesar de termos tirado 220 mil. Fantástico!
Passei a tarde à sombra da laranjeira a ler o Expresso. Senti um grande orgulho em trabalhar ali, desculpem-me a franqueza. O jornal traz artigos excelentes, o primeiro caderno histórias muito bem escritas como a das miúdas na internet e a Economia é de uma qualidade assombrosa.
A Única com o seu novo papel está brilhante.

As fotografias da edição estão muito equilibradas e penso que não se pode apontar ali uma fotografia má. Sendo que algumas são na verdade muito boas. A reportagem de Jordi em Cabo Verde, o portfolio de Rui Duarte Silva nas vindimas e outros trabalhos estão muito bons.

A minha equipa tem respondido muito bem aquilo que eu tenho pedido: temos de ter as fotografias melhores da imprensa portuguesa. Sei que vamos conseguir. Vai dar trabalho, algumas lágrimas, mas uma infinita alegria no final. Esta edição demonstra-o bem.

Claro que haverá sempre quem goste do antigamente e de chorar sobre um passado que teve coisas boas mas estava completamente desajustado daquilo que deveria ser um jornal de referência, tão bom como qualquer jornal europeu.

Aqui no Alentejo a luz de Outono aquece. Os vizinhos andaram a caiar de branco as casas.

O azul do chão do meu quintal dado pela sabedoria da D. Aurora vai-me deixar saudades destas horas de silêncio.

5 comentários:

  1. Caro Professor,
    venho fazer uma chamada para o Caderno de Corda. Peço desculpa por o motivo que aqui me traz não estar relacionado com o tema do post, mas creio que se justifica. Espero que participe, se em consciência concordar.

    (Não se dispensa a leitura dos posts recentes)

    Um abraço fraterno

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  2. Pois, paarece que sim! A minha mãe disse-me que estava excelente a edição e falou-me inclusivamente no "detalhe" do papel! Parabéns e um gde beijinho.
    ana anes

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  3. David claro que quero participar, diga-me como.

    Quanto ao beijinho da anónima, retribuo

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  4. Professor,

    fico muito satisfeito pela disponibilidade e "open mindness" que o caracterizam. Para participar, creio que basta uma visita ao "Caderno de Corda" ou a "A Sombra". Ambos os blogues estão, neste momento, a dedicar-se ao caso e a divulgar os modos de procedimento. Para encurtar caminho, adianto que, não se dispensado a leitura dos posts que têm vindo a ser publicados nos últimos 20 dias, os bloggers podem, através dos dois blogues supracitados, enviar ao Provedor do Telespectador da RTP (através do link disponibilizado) uma carta padrão devidamente identificada. Basta uma simples operação de copy/paste para o formulário cujo link se disponibiliza e consequente preenchimento de dados. Os bloggers que se sensibilizarem e solidarizarem podem ainda publicar o texto padrão, bem como o Comunicado anteriormente publicado, de modo a divulgar o caso de plágio da RTP ao blogue em causa. Se acaso abordar o tema, tem, obviamente, carta branca para utilizar os elementos disponíveis no "Caderno de Corda". Professor, depois da sua resposta, conto consigo. Todos fazemos a diferença!

    "Há os que olham o chão...
    E os que olham as estrelas.
    Há os que aceitam...
    E os que fazem.
    Há os que crêem...
    E os que vêem.
    A verdade é mais que uma palavra.
    É uma ideia."

    Um abraço fraterno deste seu ex-aluno

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  5. Dessa feira tb tenho muita memória...apesar de morar em Elvas, quando criança ia à feira de Estremoz com um tio....adorava! Por acaso nunca lá fui fotografar, tirando as visitas dos políticos em tempo de campanha, que sendo feitas a correr não deixam tempo para "respirar" aquele ambiente, que não se repete em muitas cidades alentejanas... Pena que este post não seja acompanhado de uma imagem, afinal sempre pode "valer mais que mil palavras"...

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