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segunda-feira, setembro 18, 2006

A Maria Elisa da discórdia

Há figuras públicas que geram à sua volta um movimento incompreensível de amor e ódio.

Maria Elisa é uma dessas.
Só pelo simples facto de eu ter escrito no meu blogue "institucional", o "Flagrante deleite" no Expresso online caíram resmas de protestos.

Eu fui chamado de tudo e ela foi desancada até à quinta casa.
Mesmo um amigo meu, das pessoas mais bem formadas, católico e militante na luta contra a exclusão, me chamou "defensor de vigaristas". A seguir desenrolou cenas do passado que me deixaram atónito.

Tenho pela Maria Elisa uma amizade de há muito tempo. Sempre a achei uma mulher inteligente e cheia de charme, frágil e combativa, com um toque snob que lhe fica bem.
Gosta de londres e da BBC, tem um bom gosto cultivado e é uma profissional excelente de televisão.
É a melhor de todas.

Quando trabalhei no Tal e Qual nos anos oitenta, fui surprendido por uma manchete feita pelo " turco", alcunha do intratável Hernâni Santos, em que uma fotografia de uma cena de um filme português obscuro, a mostrava deitada e despida com o Jaka Jamba- mais tarde dirigente da UNITA- em que o título era "Olá D. Maria Elisa!".

Esta sacaníce tinha a ver com o facto de no tempo da administração Proença de Carvalho, que ela ter sido directora de programas, quando os jornalistas da 2 foram postos na prateleira por então a AD os achar uns perigosos agitadores. (O Santos fazia parte desse grupo e não esperou pela manchete da vingança). Acabou mal: hoje dedica-se à lavoura e dá umas aulecas de jornalismo.

A diferença paga-se caro em Portugal e tudo serve para lançar as pessoas na lama quando elas não se encaixam na ordem estabelecida.

É verdade que a jornalista tem tido um percurso sinuoso, mas só os burocratas e aqueles que não arriscam a vidinha o não têm.
Quantas outras figuras não andaram a saltar de partido, trabalho e convicção ?
E quantos são assim apedrejados ?

4 comentários:

  1. Único comentario possivel depois de ter visto os comentarios de mau gosto no "Flagrante deleite": porque será!? O problema é que fazer pela "vidinha" fazendo dos outros burros tem muito que se lhe diga. Diga à sua amiga que o pior ainda nao chegou.

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  2. Irra!! O rapaz é muito graxista!!! Também fazia parte do elenco do filme?

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  3. O percurso não é sinuoso, é horizontal...

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  4. A última vez que vi a Maria Elisa foi no "El Corte Ingles", áspera, ligeira e com ar de dona da rua, nada daquela escanzelada de queixada braquicéfala, herdada de alguma bastardia Neaderthaleza da sua longa linhagem, sim, linhagem... até à Amiba, onde somos primos co-irmãos, por muito que isso me doa, mais a mim, decerto, do que a ela.

    Não tinha ar de dores: era uma espécie de meia-maratona de Lisboa, que por ali fora caminhava, a provar que a Fibromialgia, afinal, é uma doença oportunista, com certas tendências para se manifestar em físicos psiquicamente associados ao Oportunismo em estado puro.

    Não, não estava toda espojada na cama, de perna aberta, como recomendam os especialistas da terapia dessa grave maleita.

    Andava, como eu, aos chouriços. Dir-me-á o estimado leitor que também tínhamos os chouriços em comum, mas engana-se, porque eu gosto de peças com pouco gordura, cortadas em rodelas grossas e com algum queijo entremeado; ela ia directamente aos fatiados, o que comprova, de acordo com Paulo Cardoso, um signo Virgem com Ascendente Mealheiro. Os meus chouriços, salvo seja, são sempre sérias encomendas da Humilhada, que sofre de Picassismo, parafilia que consiste em ter de enfiar os alimentos nas cavidades genitais, antes de os inserir. Havia, pois, naquela charcutaria de "El Corte Ingles" uma profunda confusão de enredos, uma espécie de "Fiel ou Infiel", em redor do melhor do Porco, e nós éramos os mudos actores dessa Paródia.

    O pormenor mais notável era a mãe, ou quem fosse, que a SENHORA, a PATROA, a DONA DA RUA, arrastava atrás de si, a dois braços de distância, com um ar de impiedade e desprezo que me levou a pensar se não deveria denunciar o filme à Associação de Apoio à Vítima... Todavia, quem sabe se a velha até não gostava: pois entre Patroa e Sopeira, ninguém meta a Molheira!...

    Do quadro, apenas retive a baixeza do carácter, muito para lá dos planos estudados, da TV, das fotos pré-fabricadas e retocadas do Luis, do "Expresso", das falsas biografias íntimas: uma, atrás da outra, como a Ti Pureza -- coitada, já lá está -- dos Figueiredos, do "Hotel Palácio", do Estoril, uma vez por mês, trocava de papel com a empregada, fazia ela de empregada, e a Pureza, de sopeira... Esta, mais desgraçada, decerto fazia a vida inteira o papel de escrava da Maria Elisa, sem aquele "glamour" de poder -- uma só humilde vez que fosse -- poder sentir-se Senhora, poder olhar nos olhos, intimamente, durante um jantar, um "homem muito inteligente" (O Pinto da Costa(!)...), posar goyescamente ao lado do Jaka Jamba, ou dar conselhos culturais, "urbi et orbi", na Londres do Terceiro Mundo.

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