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terça-feira, julho 25, 2006

Alentejo desencantado

Zanbujeira: uma espécie de feira popular à beira-mar

A costa alentejana permanece intacta quando o desenvolvimento não chegou. E aí ela está abandonada, pobre, à espera que a ganância chegue.
Em Vila Nova de Mil Fontes é o que se sabe: um subúrbio estúpido, uma Caparica repetida. Não faz sentido estragar daquela forma a natureza, condenar gerações futuras a um modo de viver aberrante, sem gosto nem qualidade.
O que está em causa é o planeamento, dar um sentido à ocupação, mais do que o bom ou mau gosto, que é no entanto uma consequência disto.
Se estacionamos mal o carro, rebocam-no e somos multados severamente. Se construirmos uma casa clandestina nada acontece. Esta é uma verdade escandalosa num pais onde há um primeiro - ministro que tem a mania de se armar em durão.
Olhar este Alentejo abandonado ou ocupado por talhões de especulação como está a acontecer na Arrifana, ou de construções abarracadas como Monte Clérigo... é triste.
Precisamos de turismo como pão para a boca mas é o modelo da Zambujeira que exibimos: um subúrbio de guardas republicanos a multarem carros parados à beira de uma estrada obsoleta para o trânsito que tem, restaurantes da treta com preços exorbitantes, famílias rurais transformadas em negociantes, uma estrada nacional que vai para o Algarve com um traçado do tempo do Duarte Pacheco.
Para um país que passa a vida a falar em turismo e em preservação do ambiente não está mal, está péssimo.
Resta, ainda restam as praias desertas de sonho.
E o mel de uma senhora de Vale d`Alhos que o vende em dois tamanhos: em boião Nescafé ou em boião Mokambo.
Por aqui fico.

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