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terça-feira, junho 30, 2009

Annie Leibowitz fica satisfeita com 5 fotos boas/ano


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Sócrates e os brinquedos eléctricos

Sócrates deve ter tido poucos brinquedos em menino. Adora aviões, aeroportos, TGV`s e agora carros eléctricos. É giro isto: construíram uma rede de auto-estradas bestiais para andarmos a 250 à hora, marimbaram-se na qualidade dos transportes suburbanos e na sua interligação, destruíram as linhas tradicionais de comboio, não compraram um único carro hibrído, ou a GPL, para a frota do Estado, não conseguiram uma legislação para tornar os táxis em Lisboa menos poluentes, os autocarros e os carros da câmara, mas ontem descobriu a electricidade (em pó?) para os carros dos contribuintes.

As fábricas ainda não atinaram num sistema standard de motores e abastecimento, mas Sócrates já avançou com uma rede de abastecimento. Não é que a ideia até não possa ser interessante, eu questiono é a prioridade. Nenhum país anda a pensar nisto e nós, os do fim da tabela europeia, já sonhamos em andar com uns carrecos de golfe com carroçaria de carros de família.

Os ingénuos ficam felizes e lá vamos nós pagar mais uns brinquedos que ainda não existem e cuja história verde está mal contada.

Por exemplo aquele aborto sobre rodas, o Toyota Primus, polui mais toda a vida devido às baterias não recicláveis que traz do que se andasse a gasolina daquela da boa com chumbo. Só o fabrico das baterias e o seu transporte à volta do mundo é uma calamidade em CO2. Mas como é eléctrico...é fixe. Embora o Francisco Louçã ainda não tenha um.

Sócrates, que anda num Phantom V12 todos os dias, e que polui tanto como um TIR, está encantado com o power da electricidade. É chique, sem dúvida, e politicamente correcto. Mas nada passará de mais marketing.

Era de bom senso perceber-se que quem menos polui são os carros. Se pensarmos nos veículos pesados, aviões, centrais térmicas...é fazer as contas.

Não julguem que sou contra os carros eléctricos. O meu próximo Smart será eléctrico.

domingo, junho 28, 2009

António Costa diz que cumpriu. Vejam o quê.

António Costa já tem um catrapázio em Belém, frente aos Jerónimos (portanto para o Empata Fernandes outdoors no Marquês é atentado cultural, nos Jerónimos é fixe!) a dizer: "Cumprimos!".

A frase cheira a mofo pois remete para a palavra de ordem eanista do final de setenta: " Muitos prometem, Eanes cumpre". Faz lembrar aquelas juras de fidelidade de maridos infiéis, quanto mais juram mais mentem, no caso de Costa assenta que nem luva: Costa diz cumprir o que nada fez.

Cumpriu: A limpeza das ruas? O fim dos buracos? O arranjo e manutenção dos jardins? O fim dos miseráveis sem tecto a dormirem por todo o lado? Fez mais parques de estacionamento? Meteu na ordem a EMEL? Meteu na ordem o péssimo serviço de táxis ? Resolveu o imbróglio das cargas e descargas? Tem uma ideia articulada com o governo para reabilitar TODA a zona histórica e antiga? Insistiu num serviço combinado de transportes colectivos? Criou corredores para bicicletas ? Acabou com os prédios devolutos? Fez de Lisboa uma cidade de cultura? Acabou com a algazarra dos bares nos bairros populares? Meteu de novo Lisboa no mapa das cidades mais desejadas do Mundo (está agora em 46º lugar) ? Acabou o túnel do Marquês? Mudou a fantochada dos radares instalados pelo Carmona? Já deu uns patins a Sá Fernandes? Já pediu desculpa por ter insultado os bloquistas? Já pediu desculpa aos moradores da Praça das Flores por ter transformado a mais bonita praça de Lisboa num stand de carros ? Já fez "mea culpa" por ter transformado a Av. da Liberdade num circuito de fórmula1? Já passou a vir de bicicleta para os Paços do Concelho? Já se arrependeu de ter construído um hotel em cima do Tejo? Já percebeu que cortar o trânsito na baixa é por um garrote na vida da cidade? Já desistiu do mamarracho do Rato? Já desistiu de querer fazer uma plataforma no Terreiro do Paço?.......

Costa cumpriu o quê? Fez uns acertos de contas com uns credores. Para isso não precisamos de um Presidente de Câmara. Qualquer ajudante de Ferreira Leite faz isso, e melhor. Estamos fartos de contabilistas, preferimos políticos de talento e modernidade.

Carrilho da Graça encaixota Abrantes

A Câmara de Abrantes decidiu construir um paralelípipedo no centro histórico. Uma obra intelectual, imponente, polémica, horrenda, mas como tem a assinatura do arquitecto Carrilho da Graça, a coisa está assegurada. É cultura, meus!

O crime foi-me dado a conhecer pelo blogue Animo do meu querido amigo António Colaço. E depois de ver a estupidez não queria acreditar.

Entretanto li não sei onde, o meu colega arquitecto a justificar por palavras o que a vista não consegue digerir. É um argumento, ou uma ferramenta, que os artistas costumam usar quando o que desenham é uma bosta. Já vi paginadores de jornais (que não são sequer artistas nem jornalistas) a justificarem com teorias delirantes o facto óbvio de a paginação de uma reportagem estar uma simples...merda. Julgam sempre que uma tretas podem salvar uma solução de jerico, desde que falem baixo, pausadamente.

Estou-me nas tintas para o meu colega Carrilho da Graça e para os seus prémios. Até gosto de peças suas, embora ache sempre que são mais esculturas para o utilizador servir, do que para servirem o utilizador. O pior que a arquitectura pode ter é esse conceito do bonitinho e do artístico. O sonho tem de vir depois da função. E é a função que "genializa" a forma. Se é funcional é bonito, se é bonito pode ser uma inutilidade e o tempo se encarregará de liquidar a proeza.

Não percebo porque tem Abrantes de levar com um caixote para a vida e não percebo que direito tem um arquitecto de incomodar toda uma população com ruído visual. Não percebo. Mas Carrilho dirá de sua graça com mais uma tirada teórica. Faz-me lembrar o arquitecto Braizinha que tive no último ano de arquitectura. Desprovido de talento, passava as aulas a gabar as virtudes dos bairros clandestinos à volta de Lisboa, enquanto ia citando umas frases de algibeira. Eles intelectualizam nós temos de levar com os mastodontes.

sábado, junho 27, 2009

Afinal Sócrates não foi o último a saber

Sócrates sabia desde o início do ano do negócio entre a PT e a TVI. Grande manchete do Expresso.
E se sabia é porque concordava, logo: ia haver negócio. Uma operação muito boa para a PT, boa para a PRISA (amiga do PS) e menos boa para a TVI, péssima para a liberdade de imprensa: íamos ter o regresso daquela nuvem que se sentia na TSF e no DN e JN quando a PT era dona. Só não houve negócio porque alguém deu com a língua nos dentes, estalou a bronca, o PR interveio a tempo, e a operação teve de ser abortada por Sócrates.

O que impressiona é a capacidade de manobra de Sócrates. E de novo se volta às anteriores polémicas em torno de Sócrates, em que parece sempre haver duas verdades, como se estivéssemos na presença de alguém bipolar.

Se Sócrates sabia do negócio há 6 meses, então quando falou contra a TVI no Congresso do PS e contra o Jornal de Sexta na RTP, já sabia que o que dizia se destinava a "alguém" que tinha os dias contados, e já estava numa posição vulnerável, sem o saber. É uma táctica miserável, muito típica de certo tipo de comportamento menos ético.

Fazendo agora um rewind, percebe-se a vontade de Eduardo Moniz fazer uma fuga para a frente e avançar para uma candidatura ao Benfica, percebe-se melhor a raiva de Moura Guedes contra o governo, entende-se tudo muito melhor. O que não se entende é: porque deve o Estado, com a manipulação do governo, deter tal poder (golden share) numa empresa, uma espécie de reserva socialista, quando o Mundo é aberto sem tutelas estatais.

Bruxelas já pusera várias vezes em causa esta ideia de golden share, tem agora uma oportunidade mais que justificada para acabar de vez com esta palhaçada.

A VIDA DE MICHAEL JACKSON

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PT-TVI mercado estatalmente vigiado

Se eu fosse accionista da PT estava muito irritado e, porventura, arrependido por ter dinheiro numa empresa que tendo o Estado como golden share me não permitia rentabilizar em pleno os meus negócios. Noventa por cento do capital da PT é privado mas são os 10 que directa e indirectamente pertencem ao Estado que acabam por mandar na hora da verdade.

A Europa já contestou várias vezes a legalidade da golden share precisamente porque pode por em causa a livre concorrência.
O Estado na PT não impede que as telecomunicações sejam mais baratas, tal como não impede na GALP que a gasolina não custe o que custe. Por outro lado, já existem entidades oficiais que controlam a concorrência, as acções em bolsa, a concentração e a ética informativa. A PT para comprar a Média Capital teria de passar pelo crivo dessas quatro entidades. Mas o Estado interveio antes. Em que ficamos então ?

Claro que pode assustar a PT ter uma televisão nacional. Mas a PRISA espanhola já detém a TVI e outras plataformas de informação, e nunca demos conta que tivesse havido nisso algum mal. Até se dizia que sendo a PRISA toda socialista o governo de Sócrates seria beneficiado, e com Pina Moura mais se falou, mas afinal a TVI acabou por se revelar uma feroz oposição aos socialistas. Além disso a PT só queria 30 por cento da TVI. Não vejo qual seria o problema. Aliás vejo maior problema em a empresa de Paulo Fernandes, dono do Correio da Manhã, querer comprar toda a TVI. Nem dá para imaginar...

Há uma confusão grande entre interesses de negócio e política. A oposição tirou muito bem partido da gaffe de Sócrates quando apanhado de surpresa à entrada do Parlamento disse que não sabia e que isso seria assunto entre duas empresas. Depois a boca de Sócrates à orientação editorial da TVI, no congresso e mais tarde na RTP, foram mortais.

Mas o que se deve mesmo discutir, e eu gostava que me explicassem, porque deve o Estado ter direito de preferência através de uma coisa chamada golden share, que mais parece aquelas participações que o Conselho da Revolução gostava de manter nas empresas nacionalizadas após a chamada revolução de Abril.

Numa altura em que as empresas portuguesas podem vir a precisar de entrada de liquidez de empresas de países estrangeiros fora da Comunidade Europeia, era bom que o Estado revê-se esta presença perversa.

sexta-feira, junho 26, 2009

quinta-feira, junho 25, 2009

LEMBRAR MICKAEL JACKSON


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ADEUS MICKAEL JACKSON


MORREU MICHAEL JACKSON

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PT-TVI: Sócrates e Lino são os últimos a saber...

Há uma técnica dos maridos enganados: fingem que não sabiam e conseguem com essa cobardia salvar por tempo contado o casamento. Há os que sabem e preferem não saber, e há aqueles que não sabendo acham que sabem sempre.

Sócrates e Lino disseram à Nação que não sabiam do negócio PT-TVI e o Primeiro tem esta gaffe monumental (porventura a sua maior gaffe): diz à porta do Parlamento que não sabe nem tem de saber da operação porque são negócios entre privados. É como um marido enganado dizer que não tem nada a ver com uma "opa" hostil à sua esposa só porque parte do seu irmão...

Sócrates e Lino tinham de ser os primeiros a saber, pelos vistos foram os últimos. A PT devia ter logo falado com o Primeiro e se não o fez a gravidade é enorme. Portanto isto é uma grande bronca. Não sei se o PR devia ter falado no caso. Não sei, mas gostava de saber, se um PR deve pronunciar-se sobre um negócio (que é legítimo, embora pouco ético) em público com uma bateria de micros à volta. Pelo menos também me parece deitar ainda mais petróleo para a fogueira. Portanto: está tudo um pouco louco e há aqui muita inabilidade política e uma fuga (várias fugas) para a frente que estão a tornar a pré-campanha numa luta sangrenta de galos apavorados.

Ferreira leite está a tirar bom partido político da situação, mas todos sabemos como isto é apenas um jogo político puro. Sócrates pode ter neste negócio um presente envenenado, embora se possa compreender esta coisa simples: a PT precisa de conteúdos. A Prisa precisa de dinheiro. A PT não sabe o que fazer aos milhões que ganha à custa de um mercado caro para os consumidores, o negócio é bom para as duas partes. O governo por acaso não gosta da TVI, mas até poderá aceitar José Eduardo Moniz: ele é muito competente e não morde a mão que lhe dá de comer (passe a expressão).

Quando era Director-geral da RTP no tempo de Cavaco, Moniz fez uma frente terrível à SIC, ganha pela preserverança de Rangel, e agora ele saberá por no ponto certo uma informação mais consensual. E nem precisará de tirar Manuel M. Guedes da antena. Uma hora de oposição por semana até fica bem...

Se o negócio for para a frente ninguém se vai calar e esta pode ser o derradeiro escândalo do engenheiro Sócrates.

KODACKROME, o fim da linha

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quarta-feira, junho 24, 2009

Afinal Ferreira Leite é que quis mudar de imagem

Afinal Ferreira Leite segue Sócrates na pele de humilde. Começou a conversa com Ana Lourenço, hoje na SIC, usando uns sorrisos que nunca lhe tínhamos visto: forçados, nervosos, contidos. Uma performance tão falsa e ridícula, lembrando Cavaco quando quer fazer humor camiliano de Oliveira, ou quando fala no estrangeiro sobre datas de eleições, vestido de traje académico. Por pouco não víamos o nosso Presidente a falar da Pátria trajando uma saia escocesa!! Adiante.

Ferreira Leite foi para o Dia D a tentar fazer o papel da avózinha querida, sábia e tolerante que não gosta do lobo mau, vulgo Sócrates. Quando surgiu o tema da economia ela, tal como Cavaco quando o tema é economia, saltou a franga, esqueceu o personagem (anda ali assessoria de imagem! Anda, anda!!..) e voltou a ela própria: mudou a voz, a expressão, e até o penteado (que ainda não está para trás!) parece ter-se libertado da laca, naquele estilo manuelina Eanes. Um penteado que se fosse uma janela era uma marquise.

Ferreira Leite passou então a ganhar a conversa, embora já tivesse espantado a audiência do início. Eu próprio que chateei a minha mulher, o meu filho e usei mesmo o jornal contra o cão, para poder ouvir muito bem a salvadora, adormeci a roncar no sofá, tendo produzida uma inadvertida desconcentração no meu puto que jogava na PSP a enésima sessão do Batman versão Lego. Acordei com um grito do meu filho:"pai acorda está ali a Ferreira Leite que quer ser chefe e tirar-nos o Magalhães!!".

Enfim: ficámos na mesma. A dona Leite disse que fazia diferente no caso BPN, mas não disse como. Quer-se dizer... Havia outras soluções. A doce Ana esqueceu-se de lhe perguntar quais. Fugiu do caso Dias Loureiro como Cavaco do Conselho de Estado no tempo da figura incomoda, e nunca teve uma ideia estruturante para o futuro do país. Não quer grandes investimentos porque nos empobrecem, acha que 90 por cento das nossas empresas são pequenas e médias e que aí sim devia o Estado investir.

Tenho dúvidas se devemos por nas mãos de uma classe empresarial obsoleta, maioritariamente analfabeta (verdade!), troglodita nas relações laborais, e que andou a viver à custa de sopros do Estado, duvido que devamos arriscar TODO o nosso futuro nessa gente. Embora, devam ser criadas as condições para eles sobreviverem e crescerem bem, se para isso forem capazes.

A mulher do Pagamento por Conta, do IMI, das portagens na CREL, da venda do património, do discurso da tanga, do aumento do IVA, duvido que esta figura de tia-solteirona, parecendo correr atrás de Rangel na Canção de Lisboa, tenha arrojo, agilidade e talento, intuição, para que Portugal dê um passo em frente. Só se for para o abismo...

Porque não fala ela dos seus projectos ? Primeiro, porque só tem duas ideias: parar o investimento público e engendrar maneira de os contribuintes pagarem ainda mais impostos. Já o fez, duvido que tenha outras fórmulas na cabeça. Aquilo é mais tabuada que economia.

Agora o que é de basbacar é que Ferreira Leite venha dizer que o deficit controlado não foi grande mérito e que o "sismozinho" que caiu sobre a economia e finança mundiais tenha logo posto em causa o crescimento e as contas do país. Se ela chama ao que está a acontecer no Mundo um abaninho, um toque e foge...liguem as campaínhas!!!

O que Ferreira Leite não quer ver é que a vitória com Rangel foi circunstancial. Uma coisa é votar no simpático Farinha Amparo, uma figura que evoca Vasco Santana, para chatear o engenhocas e ao mesmo tempo despachar o esperto para Bruxelas. Outra coisa é votar na velha senhora indigna para nos apertar o gasganete. Já demos para esse exercíco sado-masoquista.

E o que ficou por saber hoje foi quase tudo.

Perguntas soltas: se ganhar vai mexer na lei do aborto, na ERC, no Magalhães, nos impostos, nas portagens, na classificação dos professores, nas taxas da saúde para a classe média, no rendimento mínimo, na lei de segurança, na justiça, na cultura...tudo, tudo foi remetido para um programa lá para finais de Julho, que quer dizer início de Setembro, a semanas da campanha eleitoral.

Ferreira Leite usa aquela manha de Cavaco de há 20 anos: nunca explicava nada, metia a cassete, repetia sempre as mesmas frases, foram os primeiros sound-bites da nossa pindérica política.

Sendo assim vou pelo TGV. E seguindo a ideia de jerico da nossa avozinha, pode ser que os centros de decisão passem então para Madrid. Per supuesto!!!

PETE SOUZA, fotos no FLICKR

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Admirável trabalho do fotojornalista Pete Souza (de origem portuguesa) que é o fotógrafo de Obama. Tem o seu trabalho no Flickr aberto a todos.

Aproveito para escrever (nunca posso perder uma oportunidade!!) que na nossa terrinha há uns cabotinos da net que acham (vivem do achismo!) que redes como o Flickr não são dignas para trabalho pro e andam a inventar slideshows caseiros que precisam de horas para editar, quando no Flickr se disponibiliza automaticamente (o tempo do upload) um slideshow. E não ocupa espaço em servidores. Têm muita marranço de net mas zero em agilidade. Tomem lá Pete Souza.

terça-feira, junho 23, 2009

STEVE JOBS VOLTA AO TRABALHO

KODACHROME ACABOU


O Kodachrome morreu hoje. Fazia 79 anos. A emulsão em película mais mítica e perfeita de toda a história da fotografia a cores. Usei-a poucas vezes: era demasiado cara e era preciso enviá-la pelo correio para a América ou Suíça para o podermos ver passadas 3 longas semanas. Mas depois de chegar o resultado era compensador: cores saturadas, definição, um grão que tinha uma textura poética e única. Filmei com a minha primeira câmara de cinema, uma Beaulieu (na foto) em Kodachrome( Peço desculpa por não ter começado pelo telemóvel!!).

Era a película de eleição da National Geographic e foi com ela que Steve McCurry fez o célebre retrato da Menina Afegã.

É o fim de um mito e é uma profunda tristeza para quem acredita na fotografia na sua mais profunda e autêntica essência. Digo isto com à vontade, pois sou um adepto do digital. Hoje é como se os carros a gasolina de motores 6 cilindros acabassem. Lá virá o triste dia.

O KODACHROME MORREU HOJE. FAZIA 79 anos

segunda-feira, junho 22, 2009

Novo software para o iPhone é fixe

Já instalei a versão 3.0 no meu iPhone e aquilo ficou ainda mais maravilhoso. Mas são pormenores que em nada trazem grande revolução. Em relação ao novo S a diferença é que o novo faz vídeo e tem uma câmara fotográfica com mais resolução, traz uma bússola e aceita ser comandado por voz, mas para isso já me basta os berros que tenho de dar ao meu cão. E a que ele não obedece!..

Estas pequenas diferenças não merecem para já a troca de todo o telefone. É como ir trocar o BMW 530D de 200 cavalos pelo novo de 230. Agora há ainda pequenos pormenores que os génios da Apple (falo a sério) deviam ter mexido. Um deles é o facto de continuar a não ser possível seleccionar as chamadas feitas e recebidas para apagar. Ou apaga todas ou não dá para escolher. Muito irritante. Mas quem gosta tanto do sistema Windows devia era comprar o Samsung ::))

Telemóvel na mão, filmar, filmar. No Irão.

O pior Visa Pour L`Image de sempre


O director do Visa Pour L`Image está irritado. E diz com a sua frontalidade e mau feitio que este ano o seu festival vai ser o pior de sempre. Em 20 anos nunca viu portfolios tão maus e fotógrafos tão banalizados. Aponta o dedo ao novo regime comercial das agências, que vendem por tuta e meia fotos para serem eternamente publicadas sem direitos acrescentados de autor, culpa a web por canibalizar o trabalho dos jornalistas usando amadores, culpa os fotojornalistas por terem perdido a noção de fotografia social e comprometida.

Jean Francois-Leroy tem mais que razão. A imprensa tradicional está a precisar de se deitar no divã do psicanalista para resolver os seus problemas de identidade e também a necessitar de abandonar o espírito do merceeiro achando que não há investimento na reportagem e de que o leitor compra jornais para ver bonecadas, fotografias do MacDonalds e textos escritos por analfabetos que aprenderam escrever na escola por sms.

O desinvestimento dos grupos de media nos jornais, na qualidade e no rigor, estão a transformar os jornais em papel demasiado caro (e pequeno!) para servirem de estrado no caixote dos gatos e estão a abrir as portas na net para os preguiçosos se limitarem a parar dois minutos em cada site, saltitando entre breves e brejeirices de artistas despidas. O que aliás se está a estender às televisões, agora alimentadas por idiotas úteis a debitarem postas de pescada no prime-time, quase a custos zero, em vez de investirem em histórias e em produções jornalísticas que superem a pinderiquísse das novelas e dos concursos para pategos.

Leroy tem razão, mas o problema é tê-la antes do tempo, embora talvez já seja demasiado tarde para voltarmos ao jornalismo puro e duro.

domingo, junho 21, 2009

A morte de Neda Soltani no Irão

O meu MGB e o TGV


Há 25 anos em plena crise económica em Portugal, desemprego, fome em Setúbal, Bloco-central no poder, gasolina a preços proibitivos, eu era um arquitecto sem grande futuro e um fotojornalista promissor. Tinha amealhado uns dinheiros e trocado o meu Dyane com 110 mil quilómetros (que tinha comprado novo) por um Citroen Visa, na altura um carrito com algum vistaço. Passados 6 meses de ter o pequeno-aburguesado utilitário, um amigo meu arquitecto demonstrou-me que era uma patetice gastar 330 contos num carreco novo quando por menos podia andar montado num MGB usado e que a diferença de preço ainda dava para sustentar o guloso MGB por uns dois ou três anos.

Fiz contas, entreguei o Visa num stand e trouxe um MGB-GT lindo, de jantes raiadas, volante de madeira, roncar de bólide e um charme eterno. Eu, um teso, andava com um carro esplêndido que me tinha custado menos do que um utilitário. Claro que a primeira revisão custou-me logo 40 contos, mesmo assim ainda não estava a perder dinheiro. Na oficina insistiam em me tratar por doutor e o sr.Alexandre, o chefe, aconselhava-me a pôr liquido refrigerante no radiador, em vez de água, por causa das viagens no inverno à Serra Nevada (ele estava sempre convencido que eu ia e até citava o Dr. Balsemão que ia, e que estava longe de vir a ser o meu patrão).

Para os meus amigos ter comprado um MGB era uma loucura. Ficaria comprometido o meu futuro financeiro, perderia poder de compra, gastaria um exagero em gasolina, pagaria contas caladas de oficina, o meu filho só poderia andar no banco de trás até aos 10 anos ( e já tinha 7), não dormiria descansado com aquele carro na rua, não dava para trabalhar como repórter, enfim: eu estava doido e acabaria por vender o carro passado pouco tempo, agoiravam entre moralismos e uma evidente inveja. Tive o MGB 14 anos, vendi-o por 1850 contos, mais 1500 contos do que na compra. E só o vendi porque já tinha um Porsche e eram dois carros rivais entre si. Optei pela mudança e por outra cultura automóvel. Mas ainda tenho todos os dias umas saudades incríveis do carro. Namorei, viajei, roubaram-mo, reavi-o, tive um acidente enorme com ele em Espanha e foi estúpido vendê-lo.

Esta minha aventura faz-me lembrar a discussão sobre termos ou não TGV. À partida tudo parece uma questão de simples bom senso não termos TGV. Há óptimos e baratos voos low-coast e o comboio tradicional serve para fazer 200 quilómetros até Elvas e 300 até ao Porto. Portugal pode investir em coisas com retorno mais imediato. Mas esta é a questão que se põe quando na nossa vida temos de fazer opções de fundo. Comprar casa ou alugar ? Comprar o Rolex com que sempre sonhámos ou um Swatch? Ir fazer aquela longa viagem ou ir para a INATEL? Casar ou viver eternamente num t0 com vista para Alfama? Ter filhos ou uma discoteca invejável? Tudo são opções. E aquela frase: se casa não pensa, se pensa não casa, aplica-se bem ao TGV.

Agora podemos achar que o investimento vai ser brutal, no futuro vamos olhar para trás e vermos que foi a oportunidade perdida.

Começo a pensar que não basta uma análise economicista para recuarmos no TGV. Estamos fartos de economistas e das suas opiniões burocráticas e pessimistas. Porventura temos mesmo de avançar, não a todo o vapor, mas a todo o power.

Eleições no Benfica iguais às da politica

O mundo do futebol reproduz o pior do mundo da política. Ouvir hoje na TV os depoimentos de Luís Nazaré ou de Rui Gomes da Silva sobre o Benfica, e a candidatura que eles apoiam, é de rebolar no chão aos gritos. Nazaré fala do Benfica e da candidatura de Luís Filipe Vieira com o mesmo semblante e tom com que falava dos CTT, quando era Presidente, ou de PS no tempo de Guterres. Até evocou o nome da democracia, como se um debate sobre o Benfica fosse um debate ideológico. Rui Gomes da Silva, o inefável ex- de Santana (o que pressionou a saída de Marcelo da TVI!) é agora aliado de Nazaré e, metidos no mesmo barco, falam de bola como do futuro da Pátria.
O panelão que vai ser o Estádio da Luz para toda esta gente, vai ser impressionante!

São interesses a mais, poder a mais, dinheiro a mais, para ainda se pensar numa coisa simples: uma bola e onze rapazes a tentarem concretizar...

Na verdade José Eduardo Moniz ainda não rematou a sério. Provocou uma falta, mas o festival de penaltis é lá mais para Outubro. Ele não se devia candidatar a presidente da bola, devia ser o campeão do xadrez. Com a sua competência e capacidade de mover equipas, quando for presidente da águia até pode ser ele a definir a táctica e a assumir-se como treinador. Até lá é recauchutar pneus. ÃH!!ÃH!!

sábado, junho 20, 2009

Alguém já reparou no bacamarte em Belém da Fundação Champalimaud? E alguém é capaz de se indignar contra a destruição do Museu de Arte Popular?

Ninguém comenta, nem critica: a construção da Fundação Champalimaud lado a lado com a Torre de Belém, em cima do Tejo, é um volume de construção aberrante. O projecto de arquitectura até poderá ser de qualidade, mas o que devia ser discutido era isto: é razoável construir à beira-rio infraestruturas que trazem um elevado índice de ocupação e que não vão servir para o usufruto dos cidadãos em geral? Deve a margem do rio ser ocupada por serviços terciários que estariam muito melhor em zonas de fácil acesso sem porem em causa a densidade de ocupação de uma zona que se quer nobre e livre de actividades institucionais?

A verdade é que este precedente foi aberto com a Agência Europeia no Cais do Sodré, prosseguiu com o hotel de Manuel Salgado e vai continuar com a Fundação Champalimaud e outras que virão. Um projecto global que tivesse como filosofia urbanística a mínima ocupação de solo para um máximo usufruto da margem do Tejo para actividades lúdicas e ecológicas já foi pelo cano.


Muito fala António Costa e a sua voluntariosa equipa de tipos que dizem detestar carros na cidade. Mas quando têm oportunidade de abrir a malha da cidade a espaços livres e funcionais, acabam a construir hóteis, escritórios e devem já estar a pensar em condomínios de luxo.

Por exemplo: cantam bicicletas e eu, que adoro andar de carro e que adoro andar de bicicleta, percebi que é impossível ir de Cascais a Lisboa de bicicleta em segurança e conforto. Pior: a Câmara de Lisboa está a reconstruir o pavimento entre o novo hotel de Belém e as docas e não está a por lá uma ciclopista. Há 300 metros de ciclopista entre o Café In e a parte debaixo da ponte. Depois acaba. Ora como tem lata esta gente de vir defender a bicicleta se nem pistas fazem? Ou porque insistem em atirar as bicicletas contra os carros, sendo possível a conciliação de todos os meios de transporte, salvaguardando a liberdade dos utentes?

Para cúmulo fala-se agora na destruição do Museu de Arte Popular, um edifício dos anos 30 construído para a Exposição do Mundo português, uma memória viva da nossa cultura. O que acaba sempre por acontecer é que quem nos desgoverna insiste no camartelo contra a memória, e no novo-riquismo contra a cultura. São umas bestiolas, mas a culpa é de uma geração de esquerdalhos que sempre acharam que a cultura devia ser construída incendiando o passado. Começou no dia em que um desses comunas gritou dentro da embaixada de Espanha: "Queimem o Vélasquez!! É cultura burguesa!"

A solidão de Sócrates

José Sócrates abandona a AR, pasada quarta, depois da Moção de Censura apresentada pelo PP.
Foto: Luiz Carvalho/Expresso

WORLD PRESS PHOTO SEM VISÃO NO MUSEU EDP


A partir de amanhã no Museu da Electricidade, Lisboa, mais uma exposição anual do World Press Photo. Este ano sem a companhia do Prémio Visão, interrompido devido à crise, e que de há 9 anos até ao ano passado vindo mostrando e premiando o melhor fotojornalismo português.

A interrupção do Prémio Visão é muito triste e lamentável. O principal patrocinador, o BES, parece que deixou de ter meia dúzia de dezenas de euros para permitir a continuação do prémio. Podiam ter reduzido o valor dos prémios, que eram mais altos do que os do World Press Photo (verdade!), podiam ter simplificado a forma de constituição do júri de forma a minimizar custos de estadias e viagens em Lisboa, teriam uma oportunidade para integrarem no júri alguns portugueses, o que nunca foi feito (mal quanto a mim). Não. Acabaram pura e simplesmente com o concurso. Eu até tenho um bocadinho a mania da perseguição, e apetece-me logo dizer que o lobby anti-fotojornalismo funcionou. Hoje prefiro pensar que foi mesmo incompetência e falta de visão. O BES que apoia este ano várias manifestações culturais e até de uma forma muito digna no seu espaço arte do Marquês, bem podia ter "aguentado" o prémio de fotojornalismo. Porventura acharão que o fotojornalismo não é arte, logo não é bom investimento.
Veremos se para o ano vai voltar, embora esta interrupção não agoire futuro promissor.

Queria acrescentar que Anthony Suau, o grande vencedor do World já expôs em Lisboa na Culturgest e que é um dos últimos moicanos por um jornalismo fotográfico empenhado e de testemunho social. Premiado com uma foto que descreve um cenário de abandono a propósito da falência bancária americana, ele próprio falido depois de a TIME lhe ter deixado de encomendar reportagens devido a redução de custos. Suau é free-lancer o que nos Estados Unidos também começa a significar desempregado!



(Fundada em 1955 na Holanda, a World Press Photo é uma organização não-governamental que promove o profissionalismo no fotojornalismo e a liberdade de informação, a realização de várias iniciativas nesta área, entre as quais se destaca o maior concurso mundial de fotografia.

A grande vencedora do prémio da 52ª edição - no valor de 10 mil euros - imagem que já correu o mundo, foi captada pelo fotógrafo norte-americano Anthony Suau em pleno impacto da crise imobiliária nos EUA, quando centenas de famílias foram despejadas por não poderem pagar as casas.

No que aparenta ser um cenário de guerra, um polícia norte-americano empunha uma arma no interior de uma casa. Quando as habitações foram abandonadas, a polícia teve que intervir muitas vezes para expulsar vagabundos e toxicodependentes que as haviam ocupado.

O júri internacional, presidido pela editora de fotografia Mary Anne Golon, sublinhou na altura que a força daquela fotografia estava no significado duplo da imagem: deixa a impressão de uma guerra clássica, mas representa apenas uma casa abandonada após o despejo./Público)

quinta-feira, junho 18, 2009

Sócrates conversa em família, humilde

Dia longo para o camarada Sócrates. Matinée na AR, onde meteu no bolso Aguiar Branco com uma pinta como há muito se não via, e desmontou a táctica de Portas em querer ser líder da oposição por uma tarde. Mesmo a dramatização de Louçã indo buscar uma lei que permite o trabalho infantil cheirou a rasteira.
O engenheiro manteve-se mais ou menos no seu novo papel de político amigo do utilizador e teve toda a paciência do Mundo para tentar explicar à noite na SIC aos portugueses as virtudes de um governo que pelos vistos está mais desgastado do que uma novela pífia em horário nobre.

Claro que a entrevista à doce Ana Lourenço mais parecia uma Conversa em Família dos Tempos modernos e os desempregados aflitos e as empresas à beira do afogamento não devem ter tido a mais pequena tolerância para um Primeiro que nem falou nos casos mais dramáticos da actualidade portuguesa.

Sócrates levanta-se a anda. Mas quando Rangel aparece a oposição ganha alguma credibilidade. O problema é que no PSD os barões já espumam com o ganhador de Domingo e com todos à espera do poder, Sócrates ainda vai ganhar. Deixem vir a praia, o verão, e Outubro será o mês do regresso do Humilde.

terça-feira, junho 16, 2009

CHAMAVAM-LHE JAMAIS E DEIXOU O TGV NO APEADEIRO

Percebe-se que Sócrates entrou em desnorte. A ideia de que era um duro já se tinha há muito dissipado, agora com a derrota humilhante veio à tona a imagem de um político fragilizado, indeciso, incoerente, um líder que dirige o rebanho ao sabor do vento, um timoneiro que só já consegue navegar com costa à vista.

O recuo sobre a decisão do TGV é a gota de água. Ontem Lino tentava pressionar Cavaco no sentido de ele ter de acabar por dar o ok ao inicio do processo do TGV, mas hoje era o mesmo Lino que vinha dar aos jornais mais amigos do PS (DN e i) a grande manchete de que afinal o TGV ia ficar para já parado no apeadeiro. O homem das obras por fazer tem azar e tem um jeito especial para falar tarde e já fora de tempo, ou fala muito antes do tempo. O nosso Jamais aí está com mais uma gaffe histórica.

Claro, que deve ter havido um aviso de Belém. Se o governo teimasse em avançar o comboio contra tudo e contra todos o nosso agulheiro iria fazê-lo parar desse lá para onde desse. Para não comprar mais uma guerra com o PR e sair derrotado, o engenheiro acabou por recuar o comboio. Ele que era o cowboy dos duros acabou com o duro dos comboios. Duro mesmo só Durão (que agora é Barroso), o único portuga ao lado de Ronaldo que continua em alta e de quem no estrangeiro ainda se sabe o nome.

Percebemos que isto vai entrar tudo em câmara lenta. Eu diria: vamos ficar com o país em câmara ardente durante o verão. A malta está ansiosa por receber o subsidio de férias (aqueles que ainda têm essa regalia social), os desempregados respiram porque ainda vai haver um dinheirito para a praia, os reformados e os funcionários públicos têm o deles garantido, sem a corrosão da inflação, e Sócrates vai refrear a cabeça numa praia longe da multidão e, reza ele, dos paparazzis portugueses- que são tão incompetentes que nem vão perceber que o Primeiro vai andar por aí, não longe porque há que manter os alertas vigilantes.

Os professores com um bocado de pressão ainda conseguem anular as classificações (ou não conseguiram já?) e a partir de agora é tudo à vontade do povo.

Estas atitudes repetem-se sempre nos arrogantes de meia tigela, naqueles que não têm convicções, nem programas, nem rigor. O que mais marca este governo é essa falta de acreditar, a fobia pelo marketing, a politiquice aprendida nos manuais (?) rascas da televisão populista.

Isto é o governo, mas o país não é diferente. Por isso, talvez Sócrates ainda consiga uma vitoriazita para um governozito, para um tempito, para depois se retirar demissionário, mártir, a tempo de avançar para esse palácio inexplicavelmente tão desejado: o palácio rosa em Belém.

segunda-feira, junho 15, 2009

Cristiano Ronaldo com Paris Hilton

Bairros de Lisboa por Luiz Carvalho


Fotografias de Luiz Carvalho, dos bairros antigos de Lisboa, feitas para o Expresso.

Morreu o fotógrafo Ricardo Rangel

Morreu o fotógrafo moçambicano Ricardo Rangel. Muito pouco conhecido em Portugal, mas com uma obra notável. Cliquem na foto para verem algumas das suas extraordinárias fotografias.

quinta-feira, junho 11, 2009

A novela Cavaco Silva

Não sei se em Espanha o Rei aproveita os discursos solenes para dar recados ao governo, ou se em Itália o Presidente passa a vida a mandar indirectas a Berlusconi, ou se na Suécia o Rei passa a vida a discordar de quem governa. Nós por cá, temos este viciozinho que vem do tempo de Eanes: os presidentes não têm poder nenhum mas, talvez por isso, vivem numa espécie de complexo de inferioridade o que se traduz em puxões de orelhas discursivos, e em chumbos de leis votadas pela maioria da Assembleia da República. O Presidente é assim uma espécie de pai moral, um vigilante, um redentor, que fala muito mas faz pouco e que apenas vai influenciando aqui e ali, sem grandes consequências. A não ser quando usa a "bomba atómica" e desfaz governos e maiorias, como aconteceu com a lamentável atitude de Sampaio quando demitiu Santana Lopes. Aliás, a única decisão que ficou para a História desses longos e chatos 10 anos de Jorge Sampaio.

O povo já percebeu que o Presidente é assim uma espécie de Rei, em versão a gasóleo, e que trocou as janelas manuelinas palacianas por uma marquise de alumínio anodizado. E vive feliz para sempre...

Cavaco Silva a quem devemos a estrutura de desenvolvimento que hoje temos, e que no essencial gerou os males estruturais de que hoje o país padece,(e que beneficiando dessa característica tão comum aos portuguesinhos que á a amnésia, conseguiu ser eleito) volta agora ao discurso paternalista de que precisamos de ser mais poupadinhos. Genial ! Os autarcas andaram a fazer construções faraónicas, de rotundas a centros de congressos, os governos andaram a comprar material bélico e submarinos, transformámos o país numa placa giratória de auto-estradas, este governo quer TGV e aeroporto e dá computadores a crianças que nem sabem a tabuada, e agora os contribuintes que poupem? Bom, o que nos vai acontecer é que depois das eleições aí vamos ter mais uma carrada de impostos para a classe média pagar.

A dramatização do estado do país em permanentes chamadas, alertas, de nada valem. Já percebemos que Sócrates até ao fim do mandato se vai comportar como uma esposa largada num centro comercial com um cartão VISA platina, que já não tem plafond, mas que ela nem sabe o que é isso. E nós cidadãos seremos os mansos que iremos pagar até a carroça da Mitra nos recolher às escondidas noite dentro.

O problema de Cavaco é que ele até pode ter toda a razão do Mundo, mas para quem ainda tem alguma memória Ram não esquece que foi nessa longa noite do Cavaquistão, de Aguiar da Beira a Boliqueime, com paragem por vários paraísos fiscais, que começou esta saga lusitana. A telenovela até pode ser outra, mas os actores são ainda os mesmos e os autores os mesmos velhadas. Há apenas um novo player: Paulo Rangel. E é nestes protagonismos novos que por vezes tudo muda. On verra !!!.

quarta-feira, junho 10, 2009

Dias Loureiro pródigo na Santa Terrinha

A Beira-Alta parece saber homenagear os seus filhos mais carismáticos. Foi em Santa Comba Dão no passado 25 de Abril a homenagem do edil local a Salazar, foi hoje a homenagem do edil de Aguiar da beira a Dias Loureiro. Estas homenagens nestas terras tocam o meu sentimento beirão. Sou dali perto, ou melhor os meus pais são de Sarzeda, a escassos quilómetros destes recentes altares de culto personificado. Ainda corro o risco de me homenagearem um dia, embora festas e condecorações não sejam muito atribuídas a fotógrafos. Veja-se a quantidade de artistas que já foram condecorados nos 10 de Junho pelos diferentes presidentes e nenhuma comenda calhou a algum fotógrafo. Só Eanes condecorou Gageiro e teria sido uma justíssima homenagem de Cavaco, se este ano tivesse condecorado esse fotógrafo ímpar que tão bem soube retratar Portugal, Gageiro ou Gerard Castello Lopes.

Mas, dizia eu, que a homenagem que hoje foi feita a Dias Loureiro na sua santa terrinha não deixou de ser um filme de comédia, pelo menos na forma como a vi na SIC. Há um bom plano de televisão: agência do BPN, panorâmica para a esquerda, entra Dias Loureiro em campo, segue-se um passeio entre ele e uma aparente jovem jornalista de micro na mão, numa sequência de racords, como se fosse uma curta sobre o passeio de um ex-conselheiro á sua terrinha acompanhado por uma jornalista gira!

Percebe-se que Aguiar da Beira tem um auditório bestial (como qualquer vila que se preze em gastar bem o dinheiro do contribuinte) e que as autoridades locais são uns patuscos. O homenageado parece estar com pressa e no fim tem direito a tempo de antena, dizendo daquelas frases que já não resultam e que ainda enterram mais quem as profere. Dizer que aprendeu mais na terra do que na escola, que aprendeu os valores da lealdade, da seriedade, da amizade, blá, blá, todos nós aprendemos e cada um os aplica mais ou menos. Portanto aquele tempo de antena não fica bem ao empresário que não quer voltar à política e que diz não haver nela gratidão. Pois não...é a vida!

segunda-feira, junho 08, 2009

AS FOTOS DA DERROTA DO PS

CLIQUE NA FOTO E VEJA A FOTOREPORTAGEM DE LUIZ CARVALHO/EXPRESSO SOBRE A DERROTA DO PS

Agora falas tu, agora falo eu...

Em Portugal ou temos um excesso de protagonismo ou uma atrofia nas posições que se deviam tomar. Vejamos o dia de hoje neste aspecto: o nosso Presidente recusa-se a comentar o resultado das Europeias, embora não se tenha recusado a dar desabafos quase do foro pessoal quando referiu na passada semana que não guardara dinheiro no colchão, nem no estrangeiro...Bom, acho incrível que um Presidente não tenha uma palavra de conforto para quem perdeu e de ânimo democrático para quem ganhou. E perdeu, claro. Ninguém estava à espera que ele fizesse um arrebatador comentário como se estivesse num painel do Pós- e- Contras, mas devia ter dado uma palavra sobre a noite de ontem. Era indispensável.

Mas se há quem fale de menos há quem fale de mais. Veja-se a intervenção de Vítor Constâncio hoje na Comissão da AR. Por pouco fazia-nos lembrar a sua faceta de Vitinho do PS, quando era secretário-geral socialista. Trouxe argumentos e falou com um estilo que não parece ser bem o papel e a postura de um Presidente de um banco central.

Outro que fala de mais: Azeredo Lopes da ERC na sua habitual crónica no Público de hoje comenta comentadores, jornalistas, fala de áreas onde pode intervir na sua qualidade de entidade oficial. No fundo este país tem demasiados opinadores (até eu opino!) e todos se acham com poder para falarem de tudo e de todos, independentemente do seu estatuto. Juízes emitem opiniões políticas, políticos falam dos jornalistas, polícias insultam o primeiro-ministro....a rebaldaria total. Mas o que é preocupante mesmo é quando percebemos que começamos a ter falta de uma reserva de consciência da Nação e que já não resta bom senso em lado nenhum.

A derrota de Sócrates

Sócrates ouve Vital durante o discurso da derrota, esta noite no Altis,Lisboa
Foto de Luiz Carvalho/Expresso

domingo, junho 07, 2009

Socialistas desaparecem em noite de derrota

Nunca vi o Hotel Altis tão vazio em noite eleitoral. Os camaradas socialistas eclipsaram-se, apareceram alguns ministros a fugir dos jornalistas e espera-se a declaração de derrota de José Sócrates. A sala onde falam os dirigentes para o país costuma estar repleta de militantes mas hoje foram chamados à pressa alguns elementos da Juventude Socialista para comporem o ramalhete de um salão...às moscas. Nem folclore nem Avô Cantigas. Isto parece o cemitério dos prazeres!

Check-list para não votar no Avô Cantigas

. Vital Moreira é um ex-comunista que sempre foi contra a Europa
. Há candidatas elegíveis que também concorrem a presidentes de câmara
. Vital insultou tudo e todos e não discutiu a Europa
. O Carrasco do Serviço Nacional de Saúde, Correia de Campos vai ser premiado com um lugarzinho chorudo na Europa. Fechou-nos os centros de saúde e "nós" votamos nele !!!!
. Sócrates precisa de um cartão vermelho
. O PS recusou-se a fazer o referendo europeu, mas agora quer o "nosso" voto.
. Sócrates aceitou na maior a reeleição de Barroso, o rosto do passado e da cimeira dos Açores.
. O Tratado de Lisboa é um fiasco e foi patrocinado por Sócrates.
. A ASAE de Sócrates atacou em nome da Europa.
. A lei do tabaco vem da Europa.
. A proibição de muitos produtos tradicionais vem da Europa.
. O PS preferiu ser bom aluno europeu a ser um aluno que questiona e impõe vontades.
. Com o PS nem os fundos estruturais servem para nada: não os aproveitou para poupar no déficit
. Votar nas europeias contra o PS é uma das poucas possibilidades que temos de começarmos JÁ a despedir um governo que foi um fracasso total e que soube ser mais conservador do que toda a direita junta.
Amanhã (hoje) não me vou esquecer disto:

. Sócrates tirou-me a Caixa dos Jornalistas (é uma posição individual mas também tenho direito a isso!)
. O PS subiu toda a carga fiscal sobre a classe média
. Reforçou a ditadura fiscal
. Em nada contribui para o apoio às famílias
. A Justiça bateu no fundo
. O ensino um campo de batalha com sucessos virtuais baseados em estatísticas.
. O Magalhães é caro e é uma vigarice.
. A saúde é cara, cara, e teve um carrasco chamado Correia de Campos que vai ser eleito para a Europa. O cúmulo!!!
. As obras públicas não existem mas vamos ter TGV e aeroporto novo, agora que vai até haver menos voos.
. A cultura foi descapitalizada e reduzida a cinzas.
. A insegurança aumentou
. O desemprego aumentou
. A nova lei do trabalho é uma afronta aos direitos sindicais.
. As historietas do primeiro-ministro lamentáveis, mesmo sendo ele um inocente em todos os processos.
. A pressão sobre os jornais e televisões intolerável.

É tarde. Mas na verdade amanhã vou engolir um sapo e vou votar num partido que detesto mas que pode fazer o que urge em Portugal: tirar os socialistas, estes socratistas, do poder. .

Teixeira dos Santos, um herói às arrecuas de Mercedes

É uma cena incrível: a SIC mostrou. Uma mulher avança para uma porta de uma garagem que se abre, certifica-se que um Mercedes S que está a sair transporta o ministro das Finanças e, a medo, avança para a frente do carro, enquanto um homem de alguma respeitável idade começa a levantar uma t-shirt com dizeres de protesto. São depositantes do BPP e estão desesperados. Um segurança tenta desviar outros manifestantes- que entretanto se juntaram ao protesto- e há logo uma preocupação de afastar os fotógrafos e as câmaras da televisão.

O carrão começa a recuar cautelosamente na rampa da garagem, um monstro que está assustado perante o desespero de alguém que confiou no sistema e que foi linchado. Esta imagem do carro a dar de fosques, levando consigo o corajoso senhor ministro, é um retrato exemplar da cobardia do poder, da arrogância e do medo de enfrentar a realidade. O ministro que fala grosso com os gorilas à volta, foi telefonar aos conselheiros, porventura ao chefe, e passados vinte minutos apareceu fresco à saída do Hotel onde estava acoitado para, agora já com as costas quentes, vir dizer aos espoliados que deviam era fazer o mesmo a quem lhes ficou com o carcanhol.

A lata é suprema: protegeu os clientes do BPN mas já não aplica a mesma regra aos do BPP. Só faltava ao ministro começar a insultar os manifestantes. Portanto: quem tem dinheiro refém no BPP e se manifesta (sim, porque a maioria está caladinha, e eles lá sabem porquê) é uma besta, quem devia supervisionar o banco do senhor Rendeiro, o doutor Vitinho é um herói.

sábado, junho 06, 2009

As fotos censuradas de Berlusconi no El País

65 anos depois, as fotos D do melhor dia de Capa



Têm quase todos os defeitos para serem das piores fotografias de uma reportagem. Estão tremidas, desfocadas, com uma luz difusa, e para uma reportagem completa não se pode dizer que sejam uma grande possibilidade de escolha, pois são apenas doze fotografias. Mesmo assim são consideradas, apesar de todos estes defeitos técnicos e editoriais, das melhores imagens da história do fotojornalismo. Tratam-se das fotografias míticas do mítico Robert Capa, o mesmo que imortalizara a morte em combate do republicano espanhol na Guerra Civil, o mesmo que dois anos depois do desembarque dos americanos na Normandia, fundou a agência fotográfica Magnum.

A história dessa dúzia de fotografias, também elas sobreviventes da guerra, é contada pelo então director de fotografia da delegação da LIFE em Londres, 24 Upper Street Wimpole, John G. Morris no seu livro “Des Hommes d`Images”. Morris descreve com dramatismo e humor os dias difíceis em Londres, entre bombardeamentos persistentes e a necessidade de furar o controle da censura, o arranjar formas de fazer chegar a Nova York fotografias da luta contra o domínio nazi. A LIFE tinha a trabalhar para a delegação em Londres os fotojornalistas mais cotados então no mercado. Destacavam-se Bob Landry, George Rodger, Frank Scherschel e o já famoso Robert Capa.

A preparação da reportagem do desembarque na Normandia foi meticulosamente preparada pela LIFE, que fazia questão em concorrer taco-a-taco com as agências noticiosas, o que deixava algum mal estar junto destas. A LIFE considerava que as suas fotografias deveriam ser as melhores e as mais exclusivas. Por isso destacou seis fotógrafos, contra outros seis das outras 3 agências presentes.

Com a influência política que LIFE tinha e graças ao prestígio de fotógrafos seus junto das entidades militares (caso de David Seymour que chegou a trabalhar como sargento-fotógrafo para a Força Aérea americana!) John G. Morris conseguiu que Robert Capa pudesse entrar a bordo com o 16º Regimento da 1ª divisão, designada de “Easy Red” numa operação com o código “Omaha”.

Foi um desembarque dramático, segundo relatou Capa, e esses minutos onde havia mortos e feridos por todo o lado, foram testemunhados pela câmara fotográfica Leica de Capa em 4 filmes de 36 fotos cada um.

Em Londres, John G. Morris, ansiava pelas fotografias, mas naquele dia não se soube nada. Nem se havia fotografias, nem no que teria acontecido a Robert Capa. Só ao fim da tarde do dia seguinte, chegou um motociclista com um pacote à sede da LIFE. Havia um nervosismo enorme. Havia que revelar rápido os filmes, imprimir as fotos e ir a correr com elas à censura para depois poderem seguir para a sede de LIFE em Nova York. Os filmes começam a ser revelados por um assistente (diz-se que seria o estagiário David Burnett, hoje um decano do fotojornalismo) que decide fechar a porta do laboratório enquanto a estufa secava os filmes. Passados minutos, o estagiário corre para Morris e diz-lhe apavorado que os filmes derreteram com o excessivo calor da estufa. Morris constata que três dos filmes estão esturricados mas que no quarto se conseguem salvar doze fotografias, aquelas que hoje conhecemos.
A cena é tão desagradável que Robert Capa nunca quis comentar com John G. Morris este acidente. Estas fotos ficaram para a História como testemunhos de um momento extraordinário. Há outras fotografias de outros fotógrafos de agência e mesmo de LIFE, fotografias tecnicamente perfeitas e que até mostram bem todo o aparato militar mas que não têm a emoção nem o sentido da história das de Capa.

sexta-feira, junho 05, 2009

Semelhanças e coincidências

Robert Capa há 65 anos no desembarque na Normandia

Quero votar no domingo contra isto tudo

Estes dias de política têm sido demasiado cansativos. Só fiz duas reportagens de campanha mas confesso que não fiquei frustrado, eu que adorava fazer fotografias de campanhas. Na verdade estas campanhas, arruadas como agora se diz, são de um cinismo total e de um ruído insuportável.

As campanhas são feitas para as televisões e toda a dita comunicação social (um termo que abomino) embarca neste jogo: vocês fazem de palhaços, nós montamos o circo. A falta de convicção por parte dos candidatos é total, a intervenção dos populares resume-se à gritaria habitual. Não deve haver mais país nenhum onde o Zé Povinho grite tanto e onde a opinião pública tenha um efeito tão nulo. Aliás, estas críticas à Mercado do Bulhão colam no populismo televisivo, essa forma de fascismo dos nossos dias, e aliviam os governos: vozes de burro não chegam ao Céu e enquanto o povo grita sempre fica aliviado e convencido de que vive numa democracia onde a liberdade de expressão é tolerada. Estas rábulas eleitorais são um remake moderno das piadolas de Revista, toleradas pelo Salazar e que serviam de válvula de escape de uma panela de pressão já a atingir o clímax.

Em princípio os políticos deveriam servir para nos pouparem a chatices, para nos gerirem as vidas, pagando nós para isso dos nossos impostos e justificando eles perante nós o dinheiro que ganham e gastam, e para nos apresentarem um relatório demonstrativo das suas reais competências. Ora, a política é o contrário disto. É uma forma de propaganda para perpetuar no poder, interesses de toda a espécie.

Portanto: domingo só queria votar de forma a poder tirar poder a esta gentalha, poder ferir politicamente quem me tirou a Caixa de Jornalistas, o meu poder de compra, quem não fez uma supervisão bancária competente, quem não melhorou a justiça, o ensino, a saúde. Quero penalizar quem me enganou com a reforma, mudando regras a meio do caminho, quem me põe brigadas de polícia na caça à multa, quem aumentou impostos e não preveniu o aumento da insegurança, quem se marimbou no apoio à cultura, aos artistas e intelectuais, quem transformou Portugal num território alcatroado e se prepara para engolir mais uns milhões em TGV e aeroportos sem futuro.

Algum desses especialistas, as novas vedetas da televisão e da imprensa, me pode aconselhar no meio desse turbilhão de postas de pescada ?

quinta-feira, junho 04, 2009

Morreu o fotojornalista João Bafo

Morreu o fotojornalista João Bafo, o meu amigo João Bafo.

A primeira vez que vi o João, terá sido em 1975, estava ele a fotografar uma manifestação em cima de um candeeiro na Avenida da Liberdade, com uma Leica IIIG. De blaser, sem saco, só uma Leica. Descobri mais tarde que vivia perto de mim em Alcântara, ali pelos lados da Rua dos Lusíadas e que tínhamos além da fotografia e da Leica outro objecto de culto em comum: um Citroen 2 cavalos (o dele era mais antigo ainda do que o meu e mais giro).

Só me lembro que depois nos encontrámos em 1977 para fazermos uma exposição de fotografia que viria a marcar o panorama da fotografia naquela década. "Seis fotógrafos", era uma exposição-manifesto (feita na Gradil depois Diferença) contra a fotografia de salão, concurseira, contra o estilo neo-realista. As fotografias eram impressas com o negativo integral, com margem respiratória num formato 30x40, sem manipulações de laboratório. A nossa influência passava pelo Henri Cartier-Bresson, embora cada um de nós tivesse o seu estilo. Patrick B. (que morreu muito jovem, dois anos depois), Pedro Batista, Luiz Carvalho, José Reis, Alberto Picco e o João Bafo, era a meia-dúzia de fotógrafos que tinham um sonho, uma meta, a missão da nova fotografia. Numa Lisboa sem grandes eventos fotográficos, a exposição marcou. Foi referida nos jornais e nas revistas, na rádio e penso que na RTP. Em 1978 a exposição foi ao Porto à Galeria do Jornal de Notícias e foi um sucesso.

Depois organizei na Escola Superior de Belas-Artes uma outra exposição de fotografia, onde participaram na organização a revista Arte&Opinião, o Pedro Cabrita Reis e o Alvaro Rosendo, e em que o Joãoesteve com fotografias suas.

Mais tarde, em 1985, quando fui um dos fundadores da Grande Reportagem, sendo editor fotográfico, o João trabalhou comigo. Fundámos no mesmo ano a SCOOP também com o António Pedro Ferreira, o Fernando Peres Rodrigues, e eu próprio. O João com a sua experiência de trabalho na Gamma e na Associated Press, era o verdadeiro testa de ferro da agência. Talentoso, conhecedor do mercado do fotojornalismo, com uma intuição jornalística rara, o João estava sempre com um entusiasmo contagiante. Era amigo de vários fotógrafos franceses, sabia sempre uma história de um fotógrafo qualquer numa situação curiosa. Devorava revistas, jornais, tinha a obsessão do jornalismo e da fortografia de imprensa.

Estava arredado há algum tempo do meio jornalística, passou pelo design gráfico - que sabia usar bem como suporte da edição fotográfica- e nos últimos tempos estava muito doente.

Um grande abraço amigo.