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quarta-feira, dezembro 31, 2008

FELIZ 2009 VOTOS DO INSTANTE FATAL

Soares insiste no perigo da agitação social

2009 a Deus Pertence. As dúvidas mais que existenciais são políticas. Soares volta de novo, hoje na RR, a temer conflitos sociais se o desemprego se tornar alarmante. Os perigos são iminentes: com uma indústria nacional dependente das exportações para a Alemanha e Espanha, com uma geração de fábricas ainda obsoletas, Portugal corre sérios riscos de recessão grave.
Andámos tempo demasiado a pensarmos em não crescer, com a obsessão do deficit, agora...olhamos da retaguarda total a paralisação global. A situação é triste, mas estes políticos geniais devem ter qualquer coisa para dizer.
Ou preferirão fugir?

Israel mostra no YouTube a matança vista do céu

O governo de Israel não gosta de jornalistas e decretou a Faixa de Gaza como zona livre de jornalistas. Já acrescentou que não se comove com o facto da correspondente do New York Times ter protestado, mais o resto dos correspondentes, por não ser dado acesso à zona dos bombardeamentos. Israel acha que a imprensa internacional não tem sido isenta a narrar as atrocidades, a barbárie, os crimes contra a humanidade, que qualquer nazi acharia porventura de "força desproporcionada".
Mas como os carrascos judeus filmam enquanto matam passaram a pôr os vídeos da matança no YouTube. Resta saber quando os terroristas cobardes do Hamas o vão também fazer, talvez em slomotion e com gritos ao Alá.

Bem vindos ao Ano Zero !!!

Bem- vindos ao Ano Zero. Zero de crescimento, mas também zero de recomeço, de "reset" total. O ano 2008, em que os ricos afundaram a ganância num pântano sem fundo, o ano em que os pobres prematuramente atirados para as delícias breves do consumo sustentado no crédito, e não no trabalho, começam a acordar para a realidade.
A geração dos gestores de cabelo abrilhantado, dos tiques das frases em inglês, dos tacos de golfe para "empater le bourgeois", os betinhos que desprezaram a memória das empresas, vêem agora as suas aventuras a chegarem ao fim.
Na década em que a política virou actividade com menos prestígio do que a venda de carros usados em stands de subúrbios, os cidadãos entram no Ano Zero com todas as incertezas de uma vida, mais uma: até onde estes políticos em quem apostámos o pescoço, estão seguros de não deixarem cair a guilhotina na primeira emboscada?
Sem confiança na justiça, sem conforto na doença, sem amparo na reforma, assaltados pelas brigadas de trânsito, penhorados pelo fisco triturador...sem um pouco de crédito para a troca do carrito...o cidadão só tem de beber um pouco de "método champagnês" e sonhar alto enquanto arrota e a acidez lhe queima as entranhas.
Bem-vindos ao Ano Zero. Zero como na Diet Coke.

terça-feira, dezembro 30, 2008

Pequim filmada com 5D Mark II

O fotógrafo Dan Chung do The Guardian fez este filme na China, Pequim, com uma Canon Eos5D MarkII.

Canon EOS5DmkII, One night in Beijing. from Dan Chung on Vimeo.

segunda-feira, dezembro 29, 2008

Pelos Açores marchar, marchar

Vamos lá a ver se eu percebi: os deputados do PS e do PSD votaram os Estatutos dos Açores permitindo que a Assembleia Regional só pudesse passar a ser dissolvida ouvidos também o governo regional, os partidos regionais e a própria Assembleia. Esta nuance terá sido acrescentada tirando poderes ao PR que estão na Constituição.
O PR em vez de mandar a lei para o tribunal Constitucional decidiu dar-lhe um veto político. Assim, a lei voltou ao Parlamento e tendo de novo sido aprovada (agora com a abstenção cobardolas do PSD) teve mesmo de ser promulgada pelo PR e (acho) que já nem o Tribunal Constitucional a pode emendar. Ficou trancada.
Drama, tragédia o horror: o Presidente dramatizou o acto (evitável se tivesse sido pedida a fiscalização ao TC e não dado o veto político) e vem fazer queixas dos partidos, das maiorias ocasionais, alertando que estão em causa os superiores interesses do Estado!...
Tenho uma dúvida: pode ou não, agora, o PR dissolver a Assembleia dos Açores depois de ouvidos aqueles tipos todos? É que se pode não percebo o drama. O drama é só por ter de ouvir mais uns representantes das ilhas? Ou falar com aqueles tipos torna-se penoso, atendendo à pronúncia que exige legendagem ? Será assim tão grave ter de ouvir mais umas vozes de César ou de outro qualquer cacique local? E depois...cá vai disto: dissolva-se!!!.
Por isto não me parece que a Pátria esteja assim tão carente de Estatutos dos Açores e que essa seja uma preocupação do pagode ao ponto de se poderem minar relações institucionais numa altura em que deveria haver sincera coesão entre órgãos institucionais.
Há semanas o PR nem se pronunciou sobre o facto de um idiota de um deputado na Assembleia da Madeira ter mostrado uma bandeira Nazi e de os outros arregimentados de Jardim o terem expulsado como se se tratasse de um badameco qualquer. Parece que o deputado foi até arrastado por um segurança. Aqui o PR nada disse e estavam em causa o normal funcionamento de uma instituição. Ou não?
Sejamos claros: Cavaco não gosta de perder e percebe-se. Ainda por cima quando a armadilha partiu do PS ou pior: do seu próprio ex-partido, esse ingrato que mata o pai e despreza a mãe.

As hospedeiras da Ryanair

O vídeo é kitsch mas está a ser um sucesso no YouTube.

domingo, dezembro 28, 2008

Capitalismo levanta-se e consome

Acordado de uma irritante virose que me deixou 3 longos dias nas boxes, regresso à estrada mais linda do Mundo, o troço Boca do Inferno-Guincho-Malveira. É um bom caminho de regresso ao Mundo, ao volante do meu carro preferido. O país não mudou afinal. Os parques de estacionamento dos restaurantes do Guincho estão cheios e os restaurantes também. Podia ser uma imagem perfeita de harmonia e abundância. A alta burguesia pode ter sido ferida mas não foi morta e a asa ferida não impede que gaste e dê a criar trabalho. Abençoados ricos. Do lado dos pobres a coisa também não está dramática. Horas mais tarde no Colombo os parques de estacionamento também estavam a abarrotar e as lojas viviam um autêntico corropio de gente a comprar. Enquanto houver consumidores o capitalismo renasce e nós podemos viver descansados por mais uns tempos.

PS: nenhum jornal se lembrou de fazer o Natal de Oliveira e Costa, essa grande figura social-democrata, o pai do IRS, o Ceauscescu da banca portuguesa. Anda tudo a dormir. Eu tenho desculpa: estou de férias e de molho.

sábado, dezembro 27, 2008

AS MELHORES FOTOS REUTERS DO ANO

A solução final de Israel

Os israelitas entraram hoje pela Faixa de Gaza adentro e mataram duzentos civis entre crianças, mulheres, homens e porventura alguns extremistas do Hamas. A retaliação, que já foi explicada pelos agressores como resposta a uns obuses do Hamas contra Israel, vai durar e será muito mais cruel e mortal. Os judeus pedem no meio do sangue e da carnificina, paciência e tolerância à Europa e aos Estados Unidos.

A barbárie aí está de novo na sua total desumanidade.
Israel impõe por si a solução final para o povo palestiniano.
Está visto que o conflito do Médio Oriente não tem fim. As provocações do Hamas fazem o jogo de Israel e acabam por lhe dar justificação para as campanhas de ocupação militares, matando sem dó nem piedade tudo o que mexe, quer seja população inocente ou no meio da confusão acabar por cair mais um fanático.
Entre a loucura dos fanáticos e a frieza assassina de Israel, está um povo mártir a quem os países ditos democráticos ignoram com essa capa de cinismo e distracção que também tapa a falta de coragem política para o Zimbabwe ou para o Darfur.
Feliz Natal, Mr. Laurence!

A ganância socrática

Inacreditável ? O quê ? O facto de Sócrates ter dito com toda a lata, jurando pelo Menino Jesus, que fora ele a fazer baixar os juros da casota? A escola tem tradição. Há muitos anos, demasiados, Cavaco no Pontal em vésperas de eleições, também avisou os portugueses de que se não votassem nele não iriam poder comprar mais frigoríficos e que a prestação da casa iria aumentar, como se fosse um castigo divino. Cavaco até fez logo ali as contas: ou votam em mim ou por cada voto perdido: toma lá disto.
Sócrates com aquele seu ar de artolas, que faz de arquitecto quando nem sequer engenheiro é, que faz de Messias quando nem apóstolo consegue ser, vai enfiando o barrete a um povo demasiado preocupado consigo e com os seus medíocres vícios de supermercado.
Vai ser um 2009 sempre a esbanjar. Ontem em nome da contensão orçamental, hoje em nome da incontinência global, sempre na ganância do Poder sem chama nem glória. Os políticos de plástico para Soares, a má moeda para o Senhor Professor Cavaco.

sexta-feira, dezembro 26, 2008

O fotojornalista Ziv Koren

Travelling light

É o novo site do Luis Filipe Catarino. Vai ficar aqui em grande destaque no Fatal. Das qualidades podem todos atestar clicando no link. Grande abraço Luis e um 2009 cheio de boas fotos.

Merdock

Passou pela calada da noite, na SIC N, um documentário sobre Murdock. Não era uma excelência de reportagem, mas mesmo assim dava para se perceber de forma clara, como o império do australiano, que de guardar gado a controlar grande parte dos media mundiais, se tornou no pastor multimédia da estupidificação global.
Uma informação feita para o gosto do público, uma informação que sublinha o acessório ao essencial, uma informação inócua, cínica, sem ambições culturais, nem políticas. Um império que cresceu numa relação directa do endividamento, suportada por cento e vinte bancos a nível mundial ( verdade!), um mundo de media onde o Sol nunca se põe, mas onde os valores da futilidade, da informação espectáculo e da cínica participação do jornalismo do cidadão, mais não é do que a publicação de umas bonecadas domésticas, estúpidas, fúteis e tristes. É a vida da pequena burguesia urbana, refém do consumismo, reflexo condicionado dessa mesma televisão.

Se a tentação da murdockização, eu diria da merdoquização, passou ou está a passar por alguma imprensa portuguesa, tirem daí o cavalo: não parece que o público vá comprar jornais por iludirem a realidade com história tolas, ou não julguem que o leitor de jornais é o mesmo glutão da televisão. Essa tendência que começou nos anos oitenta em Inglaterra, precisamente com a compra do Sunday Times por Murdock, e nos Estados Unidos com a reformulação do USA Today, feita à imagem do público primata da TV, está fora de moda e revela-se um sucesso sem sustentabilidade.

O que pode salvar os jornais é o nicho da verdade, da distinção, da qualidade. Para lixo já bastam algumas televisões que fizeram dos pivots (que deveriam ser a marca da credibilidade) manequins da Rua dos Fanqueiros e das reportagens peças no pior estilo das novelas mexicanas.

quinta-feira, dezembro 25, 2008

Sócrates faz de Pai Natal

Armado em Pai Natal o nosso Primeiro veio dizer aos portugueses que podem estar descansados pois o governo, na pessoa de Sócrates, vai ajudar este Mundo e o outro para que não haja crise. Depois de ter andado 3 anos a secar os bolsos da classe média com impostos. colectas e outras formas inventivas de criar dinheiro, depois de ter secado as pequenas e médias empresas com pagamentos por conta, electricidade cara, encargos e outros custos pesados, Sócrates é agora o redentor. Deitou às urtigas a teoria do mercado, voltou o Estado protector. O Pai Tirano aí está para dar com uma mão o que arrebanha com a outra.

terça-feira, dezembro 23, 2008

Natal

Confesso que o Natal não me comove, embora algumas das ideias que o Natal deixa no ar me sejam particularmente sensíveis. Gosto da ideia de família e solidariedade, gosto muito da ideia de sonho e magia, encanta-me o mito do Menino Jesus e essa coisa inexplicável que é o aparecimento do brinquedo na chaminé. O lado do consumismo e da obrigatoriedade social de ter de dar presentes a todos que me rodeiam, chateia-me e deprime-me. É uma pressão pouco digna de uma alma de Cristo ter de inventar prendas para todos. Acabamos por dar coisas que não agradam a ninguém e que no dia seguinte ao Natal se transformam em inutilidades. Objectos sem graça nem utilidade.
O Natal é há muito poucos anos esta febre de consumo. Lembro-me que nos anos oitenta não havia a oferta que há hoje com os grandes centros comerciais e as prendas eram muito mais modestas. Claro que a economia mexe com o Natal mas o facto de as pessoas começarem a sentir que o melhor é poupar para amanhã o que se escusa gastar hoje vai refrear a febre da Noite de Natal.

domingo, dezembro 21, 2008

O Costa dos murmúrios

Foi António Costa que fez a lei do financiamento das autarquias, mas agora que precisa dos milhões já acha que a lei não devia ser cumprida.

Pelos comentários por aqui feitos no Fatal podemos verificar como António Costa tem consigo um bom punhado de admiradores sempre dispostos a defenderem esta política do cinzentismo da actual Câmara de Lisboa.
As velhas bandeiras da esquerda, como o Dia Sem Carros, a proibição de se poder circular livremente no centro, bem regados com umas manifestações pseudo-culturais de rua aí estão de novo. Ora, o que eu escrevi -mas que nunca ninguém quer ler até ao fim- é que Lisboa precisa de investimento e de poder atrair forasteiros e não de proibir o acesso e portagar. Não se pode comparar o problema do trânsito nas grandes cidades europeias com Lisboa. Não conheço nenhuma capital europeia, à excepção de Londres, onde o trânsito automóvel não seja tolerado. Claro que tem de haver ordenamento mas tal não tem nada a ver com proibição pura e simples.
Assistimos a esta coisa espantosa: o Cais das Colunas destruído, o Terreiro do Paço cheio de ruído visual, carros do Estado estacionados, a maior bagunçada, e aos domingos cortam o trânsito, em vez de haver um plano rápido de revitalização do espaço. Aqui os defensores de Costa ficam calados.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Diogo Infante sempre acabou no Nacional

SERÁ DESTA QUE SE VAI FAZER JUSTIÇA A EUNICE MUNOZ ?

Quando abandonou a direcção do Teatro Municipal Maria Matos, Diogo Infante já era apontado nos "mentideros" como o futuro director do Nacional. Ele disse que não, a poeira assentou, e aí está ele. É um cargo de grande prestígio, um lugar que Agustina ocupou, Carlos Avillez e a grande Amélia Rey-Colaço. O Teatro Nacional bem precisava de uma boa política cultural. É uma vergonha nacional o estado de decadência a que chegou a Casa de Garrett: sem dinheiro nem projecto, sem imagem e sem elenco. Sem público.
Mas há uma vergonha maior com o Teatro Nacional: foi ter convencido Eunice Munoz e Fernanda Borsatti, e Jacinto Ramos, a despedirem-se do elenco em troca de uma indemnização compensatória que acabou por nunca ter sido concretizada com escusas das diferentes administrações. A coisa é de tal forma dolorosa para a nossa grande actriz que ela até já pediu a Cavaco para interceder, mas até agora nada.

Era muito bom que Diogo Infante, que tanto admira e respeita Eunice Munoz, que intercedesse junto de Sócrates para este problema ser de uma vez por todas desbloqueado. Só por isso já toleraríamos melhor esta nomeação.

Vitor Hugo Cardinali mostra a sua raça

Vitor Hugo Cardinali desafiando o Leão no Circo. Foto Luiz Carvalho

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Costa quer empatar mobilidade na Baixa

Costa quer proibir o trânsito de carros particulares na baixa. Excelente: é uma boa maneira de não irmos mais a Lisboa.

Enquanto o Empata Fernandes promove corridas de Fórmula 1 na Avenida da Liberdade e transforma a Praça das Flores num Stand rasca de automóveis (cheira-lhe a caroço!) Costa e o vereador Salgado querem a Baixa, não como um segundo estaleiro de contentores, mas como um trágico cenário de filme do pós-guerra. Desoladora como o triste mandato que têm cumprido.

Esta política cega, e tonta, de que os carros não devem circular no centro, é que tem feito com que as pessoas cada vez vão menos à cidade e cada vez frequentem mais os centros comerciais, onde se pode estacionar à vontade com calma e segurança. Não tenham dúvidas: ninguém vai a um sítio sem estacionamento, sem conforto, sem segurança.

Ora, o que a Baixa de Lisboa precisa é de atraír pessoas, tornar o comércio atractivo, incentivar o investimento, remodelar os espaços decadeentes para novas habitações, correr com os marginais (que só tem efeitos eficazes com crescimento). Costa tem uma Baixa moribunda, onde ninguém quer viver, nem ir, onde só de dia está animada graças ao sector terciário e à zona de passagem, com um núcleo doente que faz Costa? Limitar o acesso automóvel. Naõ se percebe se é para a cidade morrer mais rápido ou se é para tornar aquilo num cemitério urbano.

São estas e outras medidas esquerdalhas que matam as cidades: prejudicam a mobilidade, o comércio e tiram o sentido prático no quotidiano. Para estas aventesmas bom é andar de bicicleta ou á pata como no tempo da Albânia comunista. Isto é demagogia ? Talvez. E o que são estas medidas ?
Querem que os cidadãos andem de transportes colectivos ? Isso é para quem tem tempo e não trabalha ou para quem tem pachorra. E já agora: estacionam os carros onde? No bolso?
Na verdade assim Lisboa não vai longe. É que Lisboa não é Londres e os problemas que têm cidades como Roma no centro nada têm a ver com a situação de Lisboa. Numas há trânsito a mais, em Lisboa há trânsito a menos, mas que agora ainda vai passar a ser menos.
Pior era difícil.
VOLTA SANTANA ESTÁS PERDOADO!

quarta-feira, dezembro 17, 2008

A cigarra e o sonso

António Costa acaba de sofrer a primeira derrota com Santana. Aquele seu lado gozão, com um pouco de arrogância, de cachecol enrolado e sorriso a disfarçar o incómodo de ter Santana como adversário, não ficou bem na fotografia. Achar-se uma formiga quando tem a cidade porca e imunda, esburacada, mal cheirosa, abandonada, sem soluções imediatas, é um abuso na latosa. António Costa é como aquelas donas de casa desleixadas que podem ser muito amigas dos filhos mas que nem as nódoas da alcatifa tiram, nem o chão aspiram. Um presidente de Câmara não é um contabilista, nem um ministro das finanças. Um presidente de Câmara é eleito para ser o mordomo da cidade, trabalhar e permitir aos seus súbditos um conforto assinalável. Ora, António Costa não tem fibra, emoção, criatividade para dar a Lisboa aquilo que ela precisa: qualidade, charme, funcionalidade. Uma cidade triste, projectada em estiradores de arquitectos chatos dos anos oitenta com uma concepção neo-realista do espaço urbano. Arquitectos dos caixotes que se inspiram em contentores para riscarem arquitectura.

Com aquele apêndice atrás de si que embargou a obra mais útil de Lisboa nos últimos anos, António Costa traz já consigo um fardo, de um tipo politicamente idiota, inútil em todas as frentes. Aquele independente vai custar também caro a Costa: afasta os bloquistas e afasta qualquer socialista sério que preze os princípios da ética política.

Santana esteve bem. Calma Jéjé!!!..

PS: Frank Ghery sempre para o Parque Mayer !

O render da crise

É evidente que ainda ninguém conseguiu diagnosticar o remédio eficaz (e barato, genérico)contra a crise financeira (porque a residual essa continua lá escondida agora com a mais global). Os Estados que até agora achavam que o mercado tinha resistências próprias para regular, acabaram por voltar aos bons tempos do Estado sinaleiro, regulador, protector.

Sócrates que castigou a classe média com o papão do deficit, que devido a essa obsessão acabou por retardar o crescimento do país, agora marimba-se no deficit e opta por uma política quase oposta: garantias em milhões à banca, abrir cordões à bolsa para mais rotundas, retretes, pistas de alcatrão e tudo o que tocar a construção. Portanto: ninguém percebe nada. A política é feita com a costa à vista e o que for se verá.
A crise está a render para muitas empresas. Usam-na para despedir, emagrecer, cortar nos direitos dos trabalhadores, como se esta crise que dura há dois meses pudesse ser responsável por muita má gestão, leviandade e muito novo-riquismo que as empresas portuguesas gostam de praticar. Não todas, claro. Mas não nos esqueçamos que 80 por cento do patronato é quase analfabeto e que tem nas mãos milhares de postos de trabalho.
Quanto à banca estamos entendidos: os portugueses correram a abrir contas na Caixa Geral de Depósitos (já tinha pensado nisso!!) e a revelação de que os senhores gestores do BCP ganhavam 10 mil euros por dia entre 2002 e 2008, é na verdade uma coisa extraordinária. E não há ali gestão danosa, abuso de poder ? Num banco que se preza de não pagar horas extraordinárias aos trabalhadores, e que tem uma gestão draconiana do pessoal, estas verbas são de ir às lágrimas. Só Sócrates é que não acha que tem havido por cá um evidente fosso entre os mais ricos e os mais pobres. São as santas estatísticas.

Cais das Colunas

Dez anos depois, o meu Cais das Colunas. Hoje. Foto: Luiz Carvalho

terça-feira, dezembro 16, 2008

A sapatada contra Bush e a versão pacífica


A sapatada do jornalista iraquiano vai ficar como um ícone para o fim do mandato de Bush. As conferências de imprensa nunca mais vão ser como eram. E não nos admiremos que a segurança de Sócrates não passe a impedir os jornalistas de acompanharem o nosso Primeiro de sapatos calçados. Conferências em S. Bento só descalços. " JORNALISTAS PÉS-DESCALÇOS ENTREVISTAM SÓCRATES!"- escreverá um tablóide de serviço.

O gesto rápido, mas incompetentemente certeiro do jornalista iraquiano, aliado aos bons reflexos caninos de Bush, deveria já ter sido criticado pelo nosso Sindicato dos Jornalistas, pelas comissões da carteira, pelo Louçã e pelo nosso generalista Moita. E o ministro Santos Silva que adora o controle remoto para jornalistas já devia ter tomado providências, e até podia acrescentar que "são os esquerdalhos do calibre, do número de calçado de Alegre, que acabam por atacar à sapatada".

Soares ao avisar no DN de hoje sobre os perigos da revolta popular deveria ter acrescentado:"os pés descalços deste país ameaçam mesmo usar os sapatos para atirarem a Sócrates!"- eu acrescentaria: a violência não leva a lado nenhum. Não é preciso atirar com os sapatos! O simples acto de os descalçar pode funcionar como bomba dissuasora, pior do que o cheiro das chaminés da co-incineração socrática, ou o odor bombástico de qualquer balneário de ginásio da moda no final da aula para tios.

Santana Lopes voando sobre Lisboa

Aí está consumada a promessa. Santana voa sobre Lisboa com a bênção de Ferreira Leite, a mesma que se candidatou à direcção do PPD-PSD (!) para correr com as moedas de latão.

Mas a política tem sempre razões que a razão dificilmente explica, pelo menos à luz da coerência e da ética. Mas se um dos majores do Norte, Valentim Loureiro, fez uma declaração de amor a Sócrates, ao seu governo,(SÓCRATES ESTAMOS AQUI! QUANTOS SOMOS ?) demonstrando ao ministro Lino que, ali em Gondomar, não há manifestações hostis ao governo PS, deixando o ex-comuna perplexo, enquanto prometia mais estaçõezinhas de Metro no género-estilo- eléctrico (que os do Norte chamam de Metro, eheheh!!).

Porque não haveria a Doutora Leite de imolar Santana às portas da Capital? E se Santana conquistar Lisboa aos Mouros porque não há-de o inefável Pacheco ter direito a um mandato na Europa, num desses lugares políticos de grande sacrifício que é o enxame de Bruxelas ?
Santana em Lisboa era fixe.

Na verdade depois de Costa pagar as contas e de nada ter feito (nem um remendo no alcatrão!), depois de dar o braço a essa figura sem cais da coluna que é o Empata, que gastou dos nossos milhões para paralisar uma obra útil, Costa merecia um apeadeiro digno de quem anda de comboio para ver navios.

Talvez ainda se vá a tempo de trazer de novo para o Parque Mayer o Frank Ghery. Só por isso o Lopes faz falta!

Madonna paga 55 milhões ao ex-marido


No acordo de divórcio com a maior quantia já recebida por um homem, o ex-marido de Madonna, Guy Ritchie, deverá arrecadar 50 mil libras, mais de 55,7 milhões de euros, pelo fim do casamento de oito anos.

É um dos acordos de divórcio mais caros de sempre – supera mesmo a quantia paga por Paul McCartney à sua ex-mulher Heather Mills (24,3 milhões de libras, ou mais de 27 milhões de euros), nota a imprensa cor-de-rosa. Mais caros foram os divórcios dos americanos Michael Jordan e Neil Diamond (150 milhões de dólares, cerca de 109 milhões de euros) e de Steven Spielberg (100 milhões de dólares, 73 milhões de euros)./ Público

domingo, dezembro 14, 2008

A perversa cura da crise

Há semanas o Estado não tinha cheta para nada. Nós contribuintes pagávamos por tudo, nada e mais alguma coisa. De repente o Estado dá avales de milhões à banca, marimba-se no deficit e proclama que afinal o emprego é o único bem verdadeiramente sagrado para cada um de nós. O que desprezou em nome do mercado, abençoa hoje para bem dos falidos capitalistas e aflição daqueles que vivem do trabalho e só sabem fazer isso.
Em semanas, muda a conjuntura e muda a política. Agora Sócrates carrega no acelerador da betoneira, jorra toneladas de cimento para solidificar o país, ergue uma muralha, não de aço, mas de betão.
O crédito que vira a torneira fechada está agora a pingar para empresas que prometam exportar e para bancos cujos presidentes, sócios e amigos, andaram a brincar aos casinos Royal.

Há uma evidência: quem menos dividas tiver melhor sobreviverá. Quem menos jogou na roleta russa da economia virtual melhor sobreviverá. O mesmo se aplica aos particulares: quem tiver trabalho poderá sobreviver à crise e pode aproveitar os juros mais baixos, a inflação mais baixa, criar oportunidades de negócio antes reservadas para as manobras dos oportunistas, ou poupar. Quem se empenhou em créditos e engenharias financeiras não irá ter grande futuro.
Ora, um pais como Portugal só tem de investir agora, mais que nunca, naquilo que lhe traga retorno em exportações para mercados menos afectados pela crise global (África por exemplo) e que saiba aproveitar algum avanço tecnológico, o que até temos conseguido em matéria de serviços e informática, para crescer ou evitar demasiados danos.
Gastar mais dinheiro em betão, estradas portagadas pelos contribuintes, só não criará aquele emprego especial de que precisamos desenvolver, como apenas resolverá o problema do desemprego na construção civil que é maioritariamente de imigrantes. E lá irão ganhar mais uns milhões as Somagues desta vida.
O perigo agora é a cura vir a tornar-se mais gastadora que a crise. Sócrates vê tudo no imediato e o imediato são as eleições para o ano.

Mateus-Ghery, é fazer a comparação

Projecto de Aires Mateus (em cima) e outro de Frank Ghery (em baixo)
António Costa chora hoje na TSF os 500 mil contos que a Câmara pagou ao arquitecto Frank Ghery por este ter estudado uma solução para o Parque Mayer e depois ter visto o contrato anulado. Mas não disse quanto vai custar o projecto de Aires Mateus, nem citou nenhum estudo de rentabilidade económica comparativo dos dois projectos.

Sá Empata Fernandes faz falta a António Costa

António Costa entrevistado na TSF e DN, pelos jornalistas Paulo Baldaia e João Marcelino, a dada altura deixou cair esta pérola:" agora temos um projecto para o Parque Mayer e não apenas umas maquetes de FRank Ghery!". Depois os entrevistadores fizeram aquele tipo de pergunta que o António Ferro fazia a Salazar, daquelas que já sabemos a resposta favorável ao entrevistado."E já sabe quanto custou a factura de Frank Ghery?"- responde Costa:" Sei mas como não quero cometer nenhum erro depois mando-vos o número exacto?"- E é assim muito ?- pergunta um deles. Reponde o sonso Costa:" Não gosto de falar do passado!". Esta é uma das mais escancaradas formas de fazer jornalismo de favor. Costa acha que agora Lisboa vai ter uma boa solução para o Parque Mayer. Ele retoma os velhos mitos urbanos da esquerda para quem a reconversão de um espaço público urbano tem de passar sempre por ruas para peões, restaurantes, lojas, repuxos, relva e uns palhaços do Chapitôt para entreterem os velhadas soissante-huitards.
Aliás a entrevista de Costa é de um cinzentismo e calculismo políticos totais. Temos ali um novo Sampaio na Câmara: um homem cheio de boas intenções, planos, mas que na prática nem uma porcaria de um buraco num passeio tem competência para mandar tapar, pois isso envolve:primeiro uma discussão sobre a essência do buraco, segundo saber se o ozono é de considerar, terceiro se é politicamente correcto tapá-lo, quarto porque o buraco é a consequência de uma prática popular do uso da rua e portanto há que o manter.
Entretanto Costa anuncia o que já se sabia: vamos ter o empata Sá Fernandes a seu lado na campanha para as próximas camarárias. Genial: a fome com a vontade de comer, num refeitório chamado CML.

PS: O Cais das Colunas reaberto passados dez anos vai fechar daqui a 15 dias para obras. Verdade meus caros. É o que temos.

PS2: Costa já esclareceu que Ghery levou 500 mil contos pelo ante-projecto. Não esclareceu se aquela verba continha o custo da anulação do contrato ou "apenas" o custo de uma maquette em balsa. Deveria ter esclarecido também quanto custará o projecto de Aires Mamarracho Mateus parra o Parque. E já agora um estudo comparado de rentabilidade económica com Ghery (com todo o prestígio e capacidade de atrair turistas) e com Mateus.

Almeida Santos defende deputados calinas

Almeida Santos vem hoje defender os deputados calinas e mais: defender que a sexta-feira seja santa para os senhores deputados e que ser deputado não é ser escravo: os desgraçados ganham mal e pelos vistos saem cedo.
Almeida Secas tem atenuantes evidentes mas no fundo vem dizer alto o que a camarilha pensa baixo entre os passos perdidos.
Leiam a pérola:

«Não se paga aos deputados o suficiente para que sejam todos apenas profissionais, sobretudo quando são profissionais do direito ou fora do direito. No caso do advogado, se tem um julgamento não pode estar na assembleia e no julgamento ao mesmo tempo», começou por dizer, em declarações à RTP.

«Quanto às justificações para as faltas, é verdade que a sexta-feira é, em si própria uma justificação, porque é véspera de fim-de-semana. Eu compreendo isso. Talvez esteja errado que as votações sejam à sexta-feira. Não julguemos também que ser deputado é uma escravatura, porque não é, nem pode ser. É preciso é arranjar horas para a votação que não sejam as horas em que normalmente seja mais difícil e mais penoso estar na Assembleia da República», frisou.

sábado, dezembro 13, 2008

A insustentável fragilidade do capitalismo

Em poucas semanas a crise crónica que Portugal vive há anos- acho mesmo que nunca houve um ano em que não se falasse de crise- foi engolida pela repentina crise global.

Nós portugueses que não crescemos, enquanto os parceiros europeus cresceram, nós que andámos a sustentar um Estado gastador, mal gerido e vicioso, nós que temos no fisco o terror do cidadão (veja-se esta multa que está a ser enviada para milhares de contribuintes pagadores e que por não terem cumprido o preenchimento de um papel vão pagar 120 euros de multa!!!!) encontramos agora, com a derrocada do paraíso bancário ,o regresso do Estado pai e patrão, protector.
O Salazar está de volta, o gonçalvismo de volta. Os socialistas protegem os ricos para não deserdarem os pobres, mas na verdade ninguém sabe bem (nem mal!) o que acontecerá daqui a meses: talvez o Estado volte a dar uns cheques aos BPP e BPN desta vida. O pior foi começar!

O neo-liberalismo faliu de um dia para o outro. Esta sociedade global, afinal é mais frágil do que uma virgem desprotegida. O consumismo uma visão, o novo-riquismo é tão perene como uma fabulosa representação teatral que acaba ao cair do pano.
As nossas vidas não dependem da solidez da segurança social e das poupanças guardadas nos bancos. Nada. Tudo é frágil, volátil. Vivemos na corda bamba. Pagamos a uns incompetentes para nos tratarem do condomínio, mas os tipos debandam com a massa e vão para Las Vegas jogar no casino as nosas mesadas, o esforço de uma vida. Sem ideologia política, sem política e sem rumo, só com ganância como céu, a "coisa" deu nisto. E no que mais se verá.

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Dez anos depois o Cais das Colunas de volta

Passados dez longos anos o Cais das Colunas é devolvido hoje aos lisboetas. A geração mais nova de Lisboa nunca viu um dos espaços monumentais mais emblemáticos da cidade, um ponto de grande energia onde a terra acaba e o Tejo começa, ali aos pés.
O Ministério das Obras Públicas precisou de dez anos para concluir uma obra, a linha do Metro para Sta. Apolónia, uma obra cara, demasiado cara, mal executada, com derrapagem orçamental brutal, uns milhões gastos para andarem meia dúzia de gatos pingados. Foi uma obra muito questionada porque mexe com a estrutura do solo da Baixa Pombalina, muito frágil e que não gosta de barreiras ao escoamento da água, nem de grande volumes de betão.
Mas lá teremos de volta o Cais das Colunas. Não sei se na forma original, com aquelas pedras gastas pelo tempo ou se numa versão modernizada por uns desses rapazes para quem a pedra é uma questão de ostentação e não uma ruga do tempo.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Cimento contra a crise

Os jornalistas apanharam o ministro Mário Lino numa esquina e este, talvez aproveitando a aberta do chefe em Bruxelas, desatou a filosofar:" Sim, vamos fazer investimentos públicos, reanimar a economia, vamos fazer estradas, portos, aeroportos, infra-estruturas...tudo o que se puder para pôr o país a andar" (cito de cor). O desvairado Lino dispara em todas direcções e não quer perceber que de nada adiantará gastar mais uns valentes milhões numa auto-estrada para o deserto de Bragança, onde nem já as brasileiras medram. Claro que a IP quatrozinha de Betoneira do Amaral (a sua obra de eleição como disse um dia a Herman José no Parabéns!) já matou mais de duzentas pessoas (um número trágico para a incompetência técnica dos gurus cavaquistas) mas se a IP4 é um corredor da morte isso não justifica fazer uma auto-estrada ao lado.
Ferreira Leite hoje em Bruxelas veio dizer que o investimento que Barroso quer encorajar não é referido como sendo público, mas como sendo bom. Ora, todos sabemos que o país precisa é de produzir para exportar ou de construir para atrair turistas e empresários. O país não precisa de alcatifas novas nem de halls de entrada com embutidos. Infelizmente os nossos ministros pensam como os autarcas: em redondo, em rotunda. Uns rotundos idiotas.

Entre fotógrafos

Hoje à conversa com um sociólogo que faz fotografia (e até escreve sobre ela) e um arquitecto que se pudesse era fotógrafo, falávamos de máquinas digitais, da M6 versus M8, da Lumix Lx3 versus Ricoh GR, quando de repente um dos meus interlocutores diz: " há um Paulo Catrica para aí que dizem ser muito bom!". Responde o outro:" Sim, sim !". Eu calei-me e aproveitei para ir ver o mar que estava perto. E achei que a melhor homenagem a Deus, ali e então, era não fotografar o quadro que a natureza me devolvia. Nos momentos solenes só o recolhimento.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Silêncio, ACÇÃO ! Oliveira já canta 100!!


Amanhã, quinta, Manoel de Oliveira faz cem anos. Vai estar a filmar na baixa lisboeta. Numa altura em que qualquer profissional com 50 anos de idade está na mira de ser abatido pelo sistema, que decidiu prescindir da experiência e da razão, Manoel de Oliveira trabalha e até já lamentou para um amigo, que se reformou agora aos 65 anos, que terá feito mal em ter parado de trabalhar. Oliveira está apreensivo: não tem direito a uma reforma que lhe permita viver sem trabalhar para lá dos cem anos ....

A força de Oliveira vem na verdade dessa energia interior que o chama para o dever do cinema. Aos 8o anos, quando ficou falido e teve de vender a sua casa de família Art Déco, virou-se para o seu produtor de então, o Paulo Branco, e disse-lhe:" agora é que tenho mesmo de trabalhar, não podemos parar!". E foram este últimos anos os mais produtivos do realizador.

Eu adoro o cinema do Oliveira. Há planos que ficam só por si como obras de arte. Lembro-me daquele travelling em tele-objectiva em torno de uma árvore no "Nom" ou daquele plano fixo de um carro ( um MGB!) que sai do enquadramento e passados uns longos segundos volta a entrar. Só este plano daria uma tese sobre o conceito de "fora de campo" como capacidade narrativa.
A força da obra de Oliveira está na genuinidade, na transigência das regras, na liberdade total de realizar, aliadas a uma rara sensibilidade que nunca se percebe se é produto de uma grande reflexão sobre o cinema ou o acto natural de quem filma como respira.

Oliveira vive ainda no tempo do cinema de autor, e a sua obra é um milagre, possível à conjugação de astros e poderes políticos que lhe têm permitido filmar. Abençoados sejam.
Obrigado Mestre.

O Mundo que vai mudar a caixa


A televisão ainda não tinha começado a mudar. Vai agora começar. O alerta vem da América, mas por cá já se percebeu, há muito, que é inviável noticiários de hora e meia com dezenas de reportagens inúteis e repetitivas. A televisão perdeu o poder de síntese, engordou, tornou-se palavrosa e cara. Dispensados os talentos vieram os estafetas do jornalismo. Com a concorrência da net, mais ágil, eficaz e barata, e com a liberdade de se poder ver o que se quiser e quando (embora haja muito pouco para gravar e mais tarde recordar) não faz sentido ficar-se refém na própria casa, no sofá, comando na mão, à espera do Godot.

terça-feira, dezembro 09, 2008

Os heróis da Casa Pia

Começaram a ser lidas as alegações do Processo Casa Pia. E não será por a acusação ser mal formada que o processo vai fracassar. O meu amigo João Aibéu tem feito um trabalho notável, bem estruturado, com pormenores e uma relação notável entre vários factos que depois de ligados dão um sentido a tudo o que aconteceu. Numa terra onde a justiça é por vezes desorganizada e preguiçosa, a elaboração da acusação por parte do Ministério Público na figura do Procurador João Aibéu é de nos encher de orgulho, a nós que queremos justiça neste processo que já se arrasta há demasiado tempo. As acusações são objectivas e demolidoras. Qualquer que seja o resultado a justiça portuguesa já ganhou aqui muito da credibilidade perdida.
O que aconteceu foi demasiado triste, perverso e horrível para que não haja condenações, culpados, responsáveis e lições exemplares a tirar para o futuro.
É bom não esquecermos que este processo chegou aqui porque houve heróis: juízes e procuradores, que quiseram fazer o seu trabalho e também polícias empenhados em devolver às vítimas a honra perdida. E jornalistas que não abdicaram do direito a denunciar e informar. Obrigado Felícia Cabrita.

A fuga dos deputados para as berças

Não foram só os deputados do PSD que se baldaram na passada sexta-feira. Houve socialistas e centristas que também lá não puseram os pés. Dos laranjas que não justificaram as faltas está Miguel Frasquilho e o presidente da zona de Braga ( acho que é assim que se chama) que veio há dias contestar Ferreira Leite e pedir um congresso para apear a líder. É notável e mostra bem como ninguém se aproveita.
Esta rebaldaria dos deputados sempre existiu. Há vinte e tal anos estava eu no Tal&Qual (uff!! O tempo passa!) e fiz uma reportagem que começava na AR, eu a fotografar às dez da manhã certos deputados, e às onze eu apanhava-os em Santa Apolónia a correrem para o comboio para as santas terrinhas. Acho que quem fazia o texto era o Moita Flores ( que começou ainda PJ a escrever com pseudónimo no Tal & Qual). Aquilo foi uma escandaleira. Anos mais tarde no Expresso, eu e o José António Lima fomos também para Santa Apolónia e apanhámos vários deputados em fuga. Um deles era o Carlos Carvalhas que fugiu da minha máquina e ficou fulo. Deve ter sido a única vez que o José António Lima saiu para fazer uma reportagem e aquilo correu-nos bem. Foi outro escândalo.
Portanto, a AR mantém a chama viva do abstencionismo há muito tempo. E com as novas ferramentas multimédia os plenários podiam ser feitos por videoconferência e os votos dados com um simples clique. Simplex meu caro Gama! E até permitia que os senhores deputados que gostam de cinema amador se pudessem afirmar como grandes realizadores. O plenário está aberto ! Luzes ! Silêncio, estamos a votar!! Acção !

Os sôtores e as avaliações

Apesar de me considerar um cidadão razoavelmente informado, profissão "oblige", ainda não vi em nenhuma televisão, jornal, ou site de informação, uma explicação prática no que consiste os famigerados testes aos professores. Chegados a este extremo da luta não percebo se, afinal a avaliação que o governo quer impor aos pobres professores é uma monstruosidade funcional, um esquema kafkiano, ou uma avaliação tão falível e injusta como aquela que é aplicada a milhares de alunos, que por vezes perdem a oportunidade de uma vida para não entrarem por uma décima num curso de medicina, por exemplo.

A verdade é que durante anos e anos os nossos sôtores tiveram uma vida airada com 3 meses de férias grandes, mais quinze dias no Natal, outros na Páscoa, mais meia dúzia no Carnaval.
Outra verdade: durante uma vida profissional muitos professores faltaram a seu belo prazer refugiados em atestados fantasmas e artigos quartos, viram as suas carreiras automaticamente actualizadas e desprezaram a nobre arte de ensinar. Os professores comportavam-se como ainda hoje a classe dos juízes: achavam que eram donos dos alunos, dos pais, e que nada nem ninguém podia interferir nas suas aulas, consideradas coutadas invioláveis dos professores.

Não acredito que o sistema de avaliação deste ministério, ou de outro, seja justo e competente,pela simples razão que muito pouca coisa que o Estado faz o é. Sei que no ensino privado os professores trabalham e não há este folclore das avaliações. Há outro tipo de avaliações.
Nesta guerra falta explicar muita coisa ao cidadão comum, como eu, que paga impostos e na hora de pôr os filhos na escola tem de optar pelo ensino particular, pois o oficial está dedicado para aqueles que nada têm ou que escolheram Portugal para pátria de abrigo.

(Quero com isto dizer: só aqueles que infelizmente não podem por os filhos no particular se sujeitam à escola oficial. E que uma grande maioria das escolas oficiais é frequentada por alunos que maioritariamente não falam português. Isto quer dizer também que o Estado tem ignorado, ao contrário da França por exemplo, as escolas para filhos de imigrantes permitindo o ensino da língua de origem, sem que isso signifique marginalização).

Até percebermos quem tem razão, governo ou sôtores, vem o Natal, as férias, e os alunos que se lixem. Aliás se não aprenderem agora podem sempre tirar mais tarde uma licenciatura ao domingo !!!

Esta minha opinião não inclui aqueles professores que deram uma vida ao ensino, que sofrem pelas injustiças a que têm sido votados e por verificarem que, ao fim de muitos anos de dedicação a compensação e o reconhecimento pelo seu trabalho, não contam nem para a memória nem para uma bondade de gratidão.

Os professores queixam-se mas no geral é uma classe mais bem paga do que a maioria dos funcionários públicos, com menos horas de trabalho anuais e que, verdade seja dita, muito pouco fizeram para se organizarem nas suas escolas de forma a torná-las mais eficazes, modernas e amigas dos alunos.Claro que há extraordinárias excepções, que só provam que a forma de as escolas estarem organizadas é muito culpa dos professores e daquelas comissões directivas que há muito deviam ter sido substituídas por directores à séria, escolhidos pelo ministério.

(este post foi acrescentado depois de publicado em primeira mão)

Lisboa com lixo até ao pescoço

Os trabalhadores da recolha do lixo entraram em greve. E António Costa apareceu com o José Sá Fernandes Empata atrás, feito emplastro, a dizer que não percebe o sentido da greve. Os funcionários não querem empresas a fazerem o trabalho deles e como cautela avançaram para a greve.
Duvida também da razão da greve mas é por estas e outras que o Poder muitas vezes começa a cair. Se Lisboa vier a ficar parecida com Nápoles cheia de lixarada não se admirem, e Costa que tem conseguido manter-se à tona sem que nada tenha feito pela cidade, pode começar agora a cair das sete colinas, na enxurrada do lixo.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

O que não mata engorda

Parece que os portugueses já deitaram abaixo as 30 toneladas de carne de porco com dioxinas importada da Irlanda. O ministro tranquilizou-nos: "30 toneladas não é nada comparadas com as 400 que consumimos! Descansem que a saúde pública está salva!". O nosso ministro das agriculturas é um optimista, até porque não deve comer carne de porco nem de aves de capoeira. o seu pedigree não lhe permite aventuranças neste tipo de comida própria da matilha desgraçada que ele tem de aturar, pois é ela que através dos votos idiotas coloca no Poder aventesmas desta natureza. A ASAE já entrou em acção com os seus coletes de força, os capacetes, as armas, e o olfacto treinado dos seus agentes que largados no terreno se transformam em eficazes farejadores de ilícitos.
Eu no Alentejo prefiro o porco preto ao irlandês, embora só condescenda no Isaías em Estremoz, portanto de carne porca estou livre.

domingo, dezembro 07, 2008

Adeus Alçada Batista

Era um escritor que gostava de mulheres e as mulheres adoravam-no. Foi confidente de Marcelo Caetano, comentador na RTP antes do 25 de Abril, director de A Capital,jornalista e cronista. Apoiou Soares e Cavaco. Era um homem bom, atento à vida. Tal como soube entender as mulheres, soube entender os tempos e os modos.
Vivia num bairro popular e fadista de Lisboa, na Bica, numa pequena casa, deslocava-se num daqueles carros sul-coreanos muito estreitinhos para poder caber na rua estreita onde morava. Era visto no Chiado, na baixa. A última vez que o vi foi no CCB, ia de braço dado à mulher de Júlio Pomar e percebia-se que estava doente. Uma saudade.

A ala em fuga dos deputados laranjas

A ideia de que o país devia passar a ser uma sociedade disciplinada e organizada para se tornar mais competitivo e poder crescer para o bem de todos, esbarra todos os dias com o mau exemplo vindo de cima.

Os cidadãos vêem as suas contas bancárias penhoradas muitas vezes porque faltaram a pagar meia dúzia de euros, sem que isso tivesse sido de má fé. Estas regras draconianas começaram há muito no governo de Cavaco Silva, era então secretário de Estado Oliveira e Costa, que acaba de ser descoberto em irregularidades escandalosas em desvios de milhões.
Ferreira Leite foi a ministra das Finanças que mais carregou em impostos a classe média, mas é no seu partido que quase três dezenas de deputados calinas preferiram ir gozar dos rendimentos, auferidos numa Assembleia que é uma encenação total da democracia, em vez de defenderem uma proposta que iria ser uma derrota total para a política de ensino de Sócrates.

Pedem-se avaliações a professores na base da burocracia e da teimosia e em critérios patéticos que não são usados no ensino particular, e como todos nós pais sabemos é a pagantes e só que conseguimos uma escola de confiança para os nossos filhos. Porque será ?
Duas das figuras "pivot" do bloco central entram na polémica do BPN e outras figuras gradas ao Poder PSD e PS encontram-se noutro banco, o BPP, um banco que é por si o retrato de uma minoria de figuras que nos últimos anos enriqueceram na base da engenharia financeira, nos capitais fictícios, nos paraísos fiscais, na penumbra de uma economia paralela que comparada com aquela que a ASAE perssegue nas feiras do país, atrás de ciganos e comerciantes que tentam sobreviver, é uma anedota.
Nunca a convergência entre a política e a finança, a política e os negócios do Estado e das empresas privadas, os bancos, foi tão promiscua. Hoje falar-se de política e futebol já é irrelevante: quem joga forte fá-lo na banca, nas off-shores, na bolsa. Não criámos empresas estruturadas, fizemos de muitas empresas tradicionais e de sucesso, verdadeiros casinos. Passou a contar os resultados bolsistas. Os empregados transformaram-se em números e a qualidade da produção deixou de contar em nome de uma eficácia virtual para ser apresentada em reuniões anuais de accionistas em power -points onde os gráficos sobem sempre, dê lá para onde der.

A causa pública deu lugar à coisa privada, por isso a política perdeu ideologia, ideal, objectivos, a política passou a ser o trampolim de uns enfezados intelectuais para atingirem o podium em lugares de empresas com as contas bancárias em ilhas seguras, a renderem.

Os yuppies que nasceram em Portugal com o cavaquismo, para quem só contava a mão de obra jovem porque barata e nada reivindicativa, esvaziada do sentido da luta de classes, aí estão aos cinquenta anos a mostrarem a sua face derrotada. Perderam a batalha mas vão ganhar a sua guerra. Nunca o Poder se deu por vencido, por isso as almofadas que Sócrates está a criar para esta gente, mas que sempre se recusou a criar para os pensionistas, os reformados, os funcionários públicos pobres, para as pequenas e médias empresas, é por si a prova de que Marx tinha razão.
Sócrates abençoa os grandes. Dá dinheiro para a indústria automóvel, depois de ter taxado os carros com impostos absurdos, permitido o aumento brutal dos combustíveis, das portagens e dos estacionamentos nas cidades. Denegriu o automóvel mas agora dá milhões em avales e em juros bonificados para as fábricas de carros em Portugal terem mais fôlego. Como se isso não dependesse apenas do mercado e do poder de compra dos cidadãos!

Embalados no Poder, Loureiro e Coelho são só e apenas duas faces de uma moeda má, aquela que Cavaco rejeitou mas de que foi um dos pais mais responsáveis. E agora ?

sábado, dezembro 06, 2008

Sarkozi recebeu Dalai Lama, Sócrates ignorou-o

A estirpe de um político vê-se e afirma-se pelos pequenos actos que nos momentos difíceis exigem carácter e coragem. Hoje Sarkozi, um político de direita que acha abertamente que os marginais dos subúrbios são escumalha, recebeu Dalai Lama. Há dias foi Lech Valesa a fazê-lo, desafiando e comentando em directo para as autoridades chineses que não tinha de dar explicações a ninguém sobre quem convidava para sua casa.
Há cerca de um ano, quando Dalai Lama esteve em Lisboa ( e eu tive a felicidade máxima de o ter fotografado no dia dos meus anos e posado a seu lado) o nosso Sócrates evitou-o com o medo dos sem coragem. Sua Santidade teve honras municipais apenas.
É bom ter memória.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

TSF multimédia com Obama

clique na foto para ver o vídeo de João Paulo Baltasar

Excelente trabalho este de João Paulo Baltasar enviado da TSF às eleições americanas e que acompanhou a quente a campanha Obama. Os sons realistas e empolgantes são o que só poderíamos esperar deste repórter experiente, mas a cereja são mesmo as fotografias, o lado mais oculto do profissional da rádio.

Pelo que vemos os melhores resultados multimédia nem sempre são de onde mais esperávamos, ou seja: dos fotojornalistas. Ou porque ainda pensam muito na tal foto (que nem sempre aparece) e desprezam o fio condutor de uma história visual, ou porque ainda consideram a fotografia uma expressão isolada, ou porque dá trabalho, ou na pior das hipóteses: não sabem, não querem saber e até têm raiva a quem quer saber.
Este trabalho do João Paulo Baltasar demonstra por si que a linguagem do jornalismo mudou, mas mais do que mudar: cresceu e dá possibilidade de melhor mostrar o que temos para dizer aos leitores. Quando há mesmo para dizer. Parabéns e venham mais histórias.

(Um trabalho com sonoplastia de Alexandrina Guerreiro, Herlander Rui, João Félix Pereira e Mésicles Helin. Passa na TSF esta quinta-feira, 4 de Dezembro, depois das 16h e repete domingo, dia 7, depois das 10h.)

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Dubai color

Fotografias de Luiz Carvalho, hoje à noite em Sharjah, nas comemorações dos 37 anos do Dubai.





By, by Dubai !

Irmãs no hall do Hotel Al Maha Regency
Centro comercial inaugurado há 20 dias no Dubai
Centro comercial no DubaiEsplanada para fumadores no Dubai

Urbanismo selvagem em Sharjah
FOTOGRAFIAS DE LUIZ CARVALHO

Esqueçam o Dubai. Hoje no centro da cidade o taxista deixou-me no Colombo. Desculpem, no City Center, uma zona comercial igual ao Colombo, com as mesmas lojas de marca, os mesmos preços, talvez mais marcas com mais modelos. Por exemplo, eu que tenho a tara dos sapatos Timber e Cat, encontrei aqui modelos que nunca estarão à venda em Portugal, que como se sabe só vende carros cinzentos metalizados e modelos sempre dos mais consensuais.

O centro mantém a lenga-lenga da oração (!), há mulheres de negro de cara tapada, acompanhadas por filharada bem tratada, parecem usar o véu como se aquilo não as impedisse de cumprir a função básica das suas vidas: consumir.

Os homens mantêm o tradicional traje branco, ficam perturbados com uma ou outra ocidental, ou mesmo local de cara destapada, soutiens "gorge" e uma cigarrada nas esplanadas. Nada de tortura, embora esta seja uma sociedade mais hipócrita do que a ocidental, de mentalidade cavernícula.
No hall do meu hotel (um albergue merdoso de quatro estrelas que nem uma vale) atrevi-me a pedir a um grupo de filhas , acompanhadas pela mãe de cara tapada, para lhes fazer uma fotografia. Como estou com a Lumix ninguém me leva a sério como fotógrafo e posaram para mim com alegria. O porteiro perguntou-me logo se eu não queria comprar uma para trazer para casa ! E estava a perguntar sem piada nenhuma, as mulheres compram-se mesmo!
É bom o Sócrates pensar num imposto semelhante ao dos carros importados em função do ano, do peso, do tipo de combustível e do consumo em Visa ao mês !!!...

O Dubai não é o paraíso das fotografias de promoção com luz dourada e céu de entardecer. É um país que cresceu desalmadamente nos últimos cinco anos. O lucro do petróleo é empregue em edifícios bizantinos, grandes e...desabitados. Andamos a pagar o petróleo ao litro do ouro engarrafado (!) para estes tipos esbanjarem em cimento e alcatrão, em carros com motores estupidamente grandes para o constante pára-arranca ( uma hora para se fazer 10 quilómetros, é a média) e para ornamentos de um novo-riquismo aberrante. Estes tipos só produzem petróleo e vendem umas férias para uns patêgos ocidentais acharem que atingiram o paraíso à face da Terra. Triste...

Não se pode andar nas ruas porque não há ruas, apenas auto-estradas e avenidas sem escala humana, e quando há ruas estão cheias de esterco, buracos e caboucos. Mesmo a internet é intermitente, por vezes apaga.
O urbanismo selvagem está aqui como case study. Só agora começaram a fazer uma linha de metro, os transportes públicos praticamente não existem e os táxis param quando lhes apetece e se se mostra um endereço ao motorista ele raramente sabe inglês, embora usem gravata e o ar condicionado ligado, o que mete os taxistas de Lisboa ao nível do sétimo mundo!

Esta é uma visão de quem está aqui para fazer um trabalho de jornalismo que nada tem a ver com o que descrevo e que é uma impressão que pode estar completamente distorcida.
Nas viagens reflectimos sempre o que somos e o que já pensamos e, tal como no acto de fotografar, acabamos sempre por ver aquilo que só queremos.