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sexta-feira, janeiro 26, 2007

BESPHOTO é mau e continua

Dizer mal do BES PHOTO é banal.

O concurso tornou-se num “happening” para artistas - fotógrafos, uma elite irmã dos papa - bolsas, um clube de subsídio - dependentes. Sempre assim foi desde que me conheço como fotógrafo.

Acaba por haver dois tipos de fotógrafos: os que se armam em artistas, mal sabem fotografar, usam as suas limitações para se assumirem em ingénuos e mostrarem imagens impressas em papel fotográfico que depois têm a lata de chamar fotografais.

Como os júris são amigalhaços, e uns ignorantes em fotografia, encontram sempre um discurso filosófico para elegerem a maior banalidade do Mundo como obra de arte. É tudo uma questão conceptual, pode lá não estar nada, pode ser uma folha em branco ou negro, que se encontrará sempre um bom pretexto para justificar o interesse da coisa.

Os outros fotógrafos são os que estudaram fotografia, que sabem e entendem a história da fotografia, que têm talento e coisas a mostrar aos outros, mas como circulam no meio da fotografia ( fotojornalismo, publicidade etc.) acabam por ser considerados uns bate-chapas.

O que se passa com a fotografia que circula no BES PHOTO é o mesmo que se passava com o cinema português há uns anos atrás com idiotas como o João Mário Grilo, Sapinhos e outros para quem o cinema é uma chatice tão grande( eles próprios são uns maçadores monumentais) que transformam a arte em castigo e o prazer em futilidade.

Por exemplo o Augusto Alves da Silva, um fotógrafo medíocre que sabe tanto de técnica fotográfica como a minha prima que anda a guardar vacas nas beiras, tem a suprema lata de apontar a máquina para o mar, sem nada, e fazer uma ampliação gigante que os totós da Fidelidade expõem como se aquilo fosse a descoberta da roda. Aquilo pode ser um modo de vida mas não é de certeza fotografia.

Fotografia é só o processo técnico que permitiu a impressão de semelhante aberração.

Augusto Alves da Silva, Daniel Blaufuks ( que eu gostaria de retirar do contexto atrás descrito), Susanne S.D. Themlitz ( reparem no pretensiosismo do nome) e Vasco Araújo são as atracções deste ano.

Do Silva já falei, do Daniel direi que é um verdadeiro poeta multimédia e que a sua obra ultrapassa uma discussão sobre o que é ou não fotografia. Nem ele se assume como isto ou aquilo. O Daniel é um artista sério, com obra coerente.

A Susanne S.D.T. faz umas mistelas de fotografia e pintura. Como pintura é repugnante como fotografia inqualificável. O que lhe falta em talento visual sobra-lhe em prosápia:”oh, parece que já ficámos outra vez viradas com o céu para cima. Ou para o lado. Será que o verde aqui é oco?”

O Vasco Araújo é outro profundo artista. Vejam: “Vasco, diga-me quem é? - Penso que sou eu e os outros.”
O que Vasco apresenta são colagens ou montagens mas são tão fotografias como podiam ser qualquer outra coisa. Mesmo sendo qualquer coisa seriam uma coisa sem ponta de interesse.

Era bom que os magnates do BES percebessem que a fotografia não é um luxo, um diletantismo para gastar verbas.

Um critico e jornalista de arte, defensor do BESPHOTO e que acha sempre que eu sou um bocado demagogo quando falo da fotografia como instalação dizia-me: “ Não vás ver aquilo. É uma merda. Só se aproveita uma foto!”

Não vi, não vi e não gostei. Mas tenho aqui o catálogo que chega e sobra para tirar o apetite de ir ver.

14 comentários:

  1. Eu fui à inauguração e deixei uma opinião no meu blogue. Resumindo, o D. Blaufuks é o único fotógrafo presente na mostra, o resto é muito mau. Acho que o BES fazia melhor em financiar a organização de workshops locais dados pelos Maine Photographic Workshops. Isso permitiria criar condições para fazer os fotógrafos nacionais aprender com bons formadores e não promovia as pavonices de uns poucos. Não é mediático mas era muito mais proveitoso.

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  2. Bom, eu não percebo nada de "bate-chapas", mas acho que percebo porque simpatizo com este tipo.
    É que, mesmo não sabendo se tem ou não razão, a sua frontalidade é do tipo "bruto como as portas".
    E eu gosto de tipos assim, apesar de, por vezes, ser um pouco lisonjeiro, como já o tenho aqui criticado.

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  3. Eu não vi e tb odiei.
    Agora, não deixes é de ir ver as fotos oficiais da Maria, no "site" da Presidência da República. Não se viam coisas daquelas desde o tempo da Ovelha Dolly!...

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  4. Pois eu vi tenho uma opinião formada por causa disso mesmo.
    Diria mais: tenho uma opinião unânime sobre todos os trabalhos apresentados: Não gostei!
    Claro que isto de gostos, cada um tem os seus e pouco ou nada os outros têm alguma coisa com isso.
    Mas já me incomoda que façam deste tipo de trabalos e exposições um grande acontecimento. Para além do depredício de tempo e dinheiro das instituições, são incentivos aos novos fotógrafos a seguirem estas linhas de expressão pessoal. E isto torna-se perigoso!

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  5. J C Duarte, numa economia de mercado é simples: follow the money!

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  6. o rei vai nu mas ninguém vê...

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  7. Entrei no ccb, vi a exposição e saí com uma sensação de estupidez que há muito não tinha.

    Bolas. O ccb a promover uma coisas daquelas, é um atestado de burrice cultural a muitos que gostam realmente de fotografia.

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  8. vamos formar um manifesto activo que desmistificará esta cambada de pseudo-coisos armados em malta de entende de fotografia?

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  9. Não quero parecer meramente aristotélico, mas desde que se institucionalizou a intelectualização da arte, como bem diz o autor do post: "encontram sempre um discurso filosófico para elegerem a maior banalidade do Mundo como obra de arte.".
    É o preço a pagar pela excessiva liberdade na arte (e não tenho medo da expressão).
    Um bem conhecido prof. de História da Arte dizia que arte é aquilo que é apelidado de arte por quem tem poder de nomear - os tais "amigalhaços".
    Para mim a arte continua a ser um partilhar de ideias através de um meio - meio esse que é preciso conhecer, até para, e sobretudo para, o poder subverter.

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  10. eu fui: mau muito mau. mas também me bastaria o catálogo.

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  11. Concordo com o artigo e todas as opiniões parecem-me bem fundamentadas.

    Mas continuo com uma duvida (de quem nunca estudou fotografia) que espero me possa ajudar a esclarecer.

    Uma foto técnicamente perfeita é mas meritória (ia a escrever "boa" mas seria uma escala dificil de definir) do que uma menos técnica mas que (por exemplo) nos mostra algo que nunca tinhamos visto (apesar de já termos olhado) ou que nos fala de uma maneira que não nos deixa indiferentes?

    A confirmar-se a técnica como standart para reconhecer o mérito de uma foto, a fotografia parece-me uma arte algo banal, pois afinal o fotografo com o melhor equipamento e melhor dominio técnico será sempre o que produz melhor trabalho.

    Obrigado.

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  12. você é daqueles perfeitos...
    a vista é profundamente curta...
    tanta mediocridade

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  13. Olá caro Luiz Carvalho. Devo dizer que concordo quase na íntegra com o que escreveu, e digo quase porque discordo num aspecto. Não sei ao certo a intenção do besphoto, não sei se tenta explorar o lado artístico ou o lado técnico da fotografia, porem no que toca á arte, esta não se compadece com a boa técnica, arte não é técnica e é por isso que uma foto mal tirada pode ser uma excelente obra de arte em quanto uma excelente foto a nível técnico pode nem tocar de perto o conceito artístico, é matéria sem conteúdo. Porem não é só no panorama da fotografia que por cá acontecem situações vergonhosas, mas sim no panorama artístico em geral (por alguma coisa há poucos artistas nacionais no primeiro plano do panorama artístico mundial). Arte não é imitação, e infelizmente por cá fazemos algo semelhante á arte "á la" qualquer coisa, promovendo a imitação do panorama internacional. Não sou fotografo mas gosto de fotografar, porem não ouso sequer expor qualquer fotografia no meio, muito menos discutir a área com alguém com o seu know how, fotografo porque gosto e tento que no mínimo a foto saia bem exposta. Infelizmente o que mais temos por Portugal é artistas ou pelo menos pessoas que se intitulam como tal, e é por isso que sendo a minha área a arte, prefiro não me intitular como tal. Não imagina a quantidade de imitação que se vê pelas galerias, frequentemente ao ver algum trabalho o revejo na obra de outros artistas mais conhecidos. Mas confesso que tal situação se deve à critica da arte e aos curadores que seleccionam o mais lucrativo como arte, mas em fim…..é o pais que temos, resta-nos o exterior.

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  14. Fantástico...parabéns.... há aki alguem que sabe o k está a dizer....!!!?
    Faço das palavras do M. Angélus as minha!!

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