Páginas

quarta-feira, novembro 29, 2006

Discórdia entre fotógrafos no Instante Fatal

Ontem o Instante Fatal atingiu o record de visitantes: quase 450. Notável. Podia ter sido pela Merche Romero ( eu gosto de pôr iscos para o Google reagir). Mas foi decerteza a polémica em torno do Paulo Catrica.

O meu post de ontem foi muito amargo. Acho que abusei da possibilidade que o blogue permite de ser sincero. Sinceridade a mais é leviandade, parvoíçe e...perigo.

Ontem passei-me e irritei alguns puristas ( falsos) para quem a fotografia ou a cultura em geral deve ser tratada como uma religião.

A minha querida avó Laurinda, que eu amava e de quem tenho uma imensa saudade, dizia-me nas suas palavras sábias e sempre com um fundo religioso: " Graças a Deus muitas, graças com Deus nenhumas!". Isto porque eu na minha adolescência armava-me em contestário ( graças a Deus!).

Estes grupo de fotógrafos anónimos que estão danados comigo portam-se como beatos e isto faz-me saltar a tampa. Eu adoro ser politicamente incorrecto, gosto de pôr em causa.

Há uma clique ( que não clica!) na fotografia de arte em Portugal que na verdade me irrita.
O intitularem-se de artistas já me dá a volta ao estômago.

E porquê? Porque é feita por tipos que não têm postura de fotógrafos, nada sabem de fotografia e que , no entanto, souberam usar as suas incapacidades para tornarem as banalidades que exibem em... obras de arte, ( pensando bem já há aqui algumas qualidades).

É obra ! Reconheço-lhes talentosa lata e uma esperteza que nada tem de saloia: usaram a máxima:" à vontade, descontracção, estupidez natural".

Ninguém os reconheçe no estrangeiro em editoras notáveis, nem em museus de referência, mas em Portugal arranjaram um grupo de criticos amigos, ou da internacional rosa, ou da maçonaria, ou do Frágil ou outro grupo folclórico e fizeram carreira.

Acho que cada um tem o direito de seguir o seu caminho e de ser feliz. Mas... quando nos exibimos corremos riscos e um deles é de sermos vaiados ou levados em ombros.

Sucede que a somar a tudo isto há instituições que dão dinheiro para inutilidades, porque são mal aconselhadas ou porque até a arte se transformou em moda.

Tal como nos concurseiros de salão há vedetas, agora há notáveis nos bolseiros de mamão.
(gosto desta frase!)

Um blogue é um estado de alma e não pode ser longo.

Tirando os erros de português, dada a velocidade da escrita e a falta de corrector no Blogspot, eu reafirmo que a Dra. Siza consegue ser mais maçadora do que o irmão, que não percebe puto de fotografia e que tem a mania que é a santa padroeira dos fotógrafos.

O Albano é um study case: um tipo que sabe andar bem de mota mas que a fotografar é um bluff e como organizador dos Encontros de Fotografia merece um óscar de chico-esperto: foi ele que inventou alguns dos chatos da fotografia portuguesa, uma espécie de Oliveiras da imagem fixa. É giro mas sai caro.

Não confundo o meu gosto com o que é bom.
Às vezes prefiro o conteúdo à forma ( ver foto de Merche Romero) mas quando falo de forma a sério, tenho gostos simples: prefiro o melhor.

Cada um de nós tem o seu olhar e ninguém pode dizer que o seu é melhor ou pior. É diferente. E a fotografia é também isso: multiplicidade e liberdade de ver e registar.

Tão bom e divertido como esta discussão.

Saudações fotográficas. E não se irritem muito.
Portugal tem uma vitalidade fotográfica enorme e há espaço para todos. E como dizem os liberalóides: o mercado é que manda.

PS: E se o Paulo Catrica me permite envio-lhe um abraço pois nada disto tem a ver com desconsideração pessoal, nem falta de estima pelo seu trabalho que é sério e com uma coerência à prova de bala. Pode parecer contraditório com o que escrevi antes mas não é.

Ainda: tudo o que escrevo é muito pessoal e nada tem a ver com a minha posição enquanto editor. Às vezes é até antagónica. Isto é um bogue pessoal e intransmissível.

3 comentários:

  1. Caro Luis

    Claro que no seu blogue pode escrever o que quiser, e como este é o seu blogue pessoal e não o "institucional" até pode ser contraditório em relação ao que escreve em exercício de funções.
    No entanto acho que esta "discussão" pecou por ter partido como tantas outras de um post "inflamado" e pouco justo. O seu alvo era o Paulo Catrica ou os "bolseiros de mamão" ?
    E se eram, porque escolher o Paulo Catrica a quem acaba por reconhecer um trabalho sério ?
    O problema com estas aproximações pouco didácticas ao mundo da fotografia é que apenas criam ruido e atraem "voyeurs" que só querem sangue e se estão a cagar para a fotografia.
    Achei que a resposta de Paulo Catrica ao seu texto foi muito correcta e didáctica, não devemos ter medo do didactismo, porque podemos ser polémicos e controversos sem "insultar" ninguém.
    Um outro reparo que queria fazer é que há muito trabalho bom que não é reconhecido por museus e outras instituições, pelo que embora possa ser um critério de aceitação para quem tem ambições altas, não serve para julgar tudo. Uma fotografia (ou uma série) julga-se quando se observa, mesmo que não tenha nenhum carimbo de aprovação externo.

    ResponderEliminar
  2. Essa do 'professor universitario' não te fica bem. Mas não me surpreende, vinda de um gajo que em 1969 já lia o jornal Le Monde na pastelaria Biarritz.

    Boas fotografias e um abraço

    Balbina

    ResponderEliminar
  3. Como é que sabe que lia o Le Monde na Biarritz ? Uma vez um dos meus amigos para me provocar queimou-mo. Eu lia o Le Monde mas adorava o Tony de Matos a cantar " Para onde vou não sei..fui eu que te encontrei... etc."

    Beijinhos

    ResponderEliminar